Wilhelm Huber

Wilhelm HuberWilhelm Huber – o querido Willy, como era chamado pelos familiares e amigos – nasceu no bairro do Ipiranga em 17 de março de 1938. De família humilde e filho único de imigrantes de guerra, Sra. Elizabeth Huber, austríaca, e Sr. Samuel Huber, alemão, sempre foi um menino diferente dos demais. Seu prematuro descortino o tornava questionador do mundo que o envolvia, além de extremamente disciplinado e reservado.

Ao completar o 2º Grau já considerava prioridade trabalhar e ajudar a prover as necessidades da família, o que o afastou dos estudos e de cursar a Universidade.

Detalhista e organizado, acompanhava o pai em suas “engenhocas”, montando e desmontando motores de carro, de máquinas, de barco, de ventiladores, etc , o que lhe conferiu experiência e habilidades muito úteis no futuro. Alguns anos mais tarde, após curso de desenho técnico e projeto, foi admitido na Mercedes-Benz do Brasil e em curto período de tempo já era o encarregado de Planejamento de Projeto.

A vida seguia seu curso entre o trabalho e o convívio dos pais, quando Huber conheceu aquela que seria para sempre sua companheira, amiga e esposa. Alma sensível e amorosa, professora de música, Shirley é a 11ª filha de numerosa família de italianos, alegres e extrovertidos, que não precisam de muitas razões para se reunir e festejar. Após um ano e meio, casamram-se.

Apesar da satisfação e das alegrias colhidas no trabalho e na vida pessoal, Huber sentia que algo essencial lhe faltava. E assim, buscou diversos conhecimentos esotéricos, estudou a Cabala, fez o curso inicial dos Testemunhas de Jeová, frequentou reuniões da Seicho Noi-ê, cursou a Igreja Messiânica, aplicou o Johrei, estudou a Bíblia dos Budistas, além de participar de reuniões evangélicas.

Numa visita inesperada aos sogros, conheceu um primo de Shirley – Francisco Denapole – que frequentava a casa dos tios semanalmente, para realizar o Culto do Evangelho no Lar. Algo novo e há tanto esperado ocorreu naquele dia. Ele se deparou com um mundo desconhecido, repleto de conhecimentos que mesclavam fé, amor, religião e ciência e que vinha de encontro às suas ânsias mais remotas. Encontrou, então, na Doutrina Espírita inesgotável fonte de esclarecimento às dúvidas que lhe atormentavam o espírito.

Naquela ocasião, Denapole participava de sessões espíritas na Rua Espírita, Bairro do Cambuci, São Paulo, na Casa de Batuíra, local imortalizado por Antonio Gonçalves da Silva – o Batuíra, há mais de um século. Na época de Denapoli o Centro era dirigido às segundas e sextas por Rolando Ramacciotti, fundador do Grupo Espírita Emmanuel, o GEEM.

E foi através de Francisco Denapoli que Huber conheceu o GEEM em São Bernardo do Campo, tornando-se colaborador fiel e frequentador assíduo das reuniões do Centro Espírita Maria João de Deus.

Huber soube aproveitar como poucos as oportunidades que a vida lhe deu. Por onde andou, deixou sempre uma palavra amiga, pensamentos de confiança e irradiações de bondade.

Em agosto de 2002 realizou sonho que acalentava há tempos: construiu com recursos próprios, em área de sua propriedade, o Grupo Espírita Porto Seguro em São Bernardo do Campo. Poucos meses depois, foi surpreendido por insidiosa moléstia que lhe transformaria os dois anos seguintes em interminável calvário. Sempre acompanhado da esposa, da única filha Viviane, do genro Vanderlei e da mãe Elizabeth, após longo e difícil tratamento, Huber desencarnou em 06 de setembro de 2004, aos 66 anos.

Sobre tantas recordações inesquecíveis do Huber, uma certamente nos acompanhará por muito tempo. Quando já em fase avançada da doença, alquebrado fisicamente, compareceu ao Centro Espírita Maria João de Deus – por muitos anos sua casa espiritual – e, sentando-se na primeira fileira, de mãos dadas com a querida esposa, em singela demonstração do amor que os unia, emocionou-nos com sua derradeira presença até o fim da reunião.

Que neste momento as nossas mais doces recordações possam envolver num imenso abraço de luz e paz o companheiro, que certamente foi a representação da bondade e da serenidade entre nós, e que hoje, na Pátria Espiritual, recolhe as bênçãos de Jesus pelo convívio com os amigos que tanto o inspiraram em suas lides na Terra.

Até qualquer hora, querido amigo!