A César o que é de César

Quando o Senhor nos traçou a obrigação de dar a César o que é de César, como de outras vezes, imprimia ao ensinamento significação mais profunda.

Habitualmente recordamos a diretriz, fixando a atenção no imposto amoedado, anotando mentalmente o brilho pessoal daqueles que exercem o poder representativo da governança para transviar-nos, quase sempre, no solo arenoso da crítica e da maldade.

Entretanto, bastar-nos-á singela reflexão para reconhecermos que César é a legenda que encerra vastos deveres de nosso espírito, quando encarnado, junto da terra, que nos localiza o berço.

César exprime a direção que nos garante a tranquilidade, a justiça que nos angaria respeito, a organização do trabalho que nos assegura a bênção do pão, a ordem que nos mantém o ninho doméstico, e, sobretudo, a lei que nos guarda a todos, nos variados climas do mundo, dentro da dignidade recíproca, na qual o cumprimento fiel de nosso dever nos confere o direito à verdadeira ascensão.

Não chega, dessa forma, o simples pagamento do tributo vulgar ao cofre que nos define a riqueza pública, para que atendamos à recomendação do Senhor, mas, sim, também o nosso zelo e a nossa abnegação na salvaguarda dos bens que desfrutamos na experiência comum – seja auxiliando a segurança do próximo, defendendo a higiene de um logradouro, cooperando na execução dos estatutos que nos governam ou amparando a educação do povo que nos constitui a família, porque, somente assim, auxiliando à Terra, entrosá-la-emos no Céu, como província redimida e generosa a refulgir no Reino do Amor de Deus.

 

(Do livro Semeador em Tempos Novos – F.C.Xavier/Emmanuel – Edição GEEM)