Alcancemos a luz

A fé transporta montanhas – afirmou o Divino Mestre.

Em nossa condição de emparedados no vale sombrio das próprias dívidas, à frente da Lei, não nos detenhamos na feição exterior do ensinamento, e sim apliquemos a beleza do símbolo ao nosso próprio mundo interno.

Antigos prisioneiros do cárcere de reiteradas defecções espirituais, sentimo-nos cercados por pesadas colunas de treva a enceguecer-nos a visão.

Montanhas empedradas de revolta e indisciplina inclinam-nos para os despenhadeiros do sofrimento.

Montanhas espinhosas de negligência e ociosidade ameaçam-nos com os precipícios da negação e da dúvida.

Montanhas de leviandade e insensatez induzem-nos a cair nos desvãos do tempo perdido.

Montanhas de débitos e aflições, que formamos com os resíduos dos próprios erros no curso dos milênios incessantes, desviam-nos o espírito para a inutilidade e para a morte.

Que a nossa fé seja hoje o instrumento de renovação dos nossos próprios caminhos.
Utilizando-a na obra paciente do amor, construiremos nova senda, a soerguer-nos para os cimos da vida.

Para conhecer com segurança é preciso discernir; para discernir é indispensável aprender; para aprender é necessário amar com todas as nossas forças.

Abençoadas revelações nos esperam nos montes do futuro, todavia, para alcançar o esplendor do porvir, é imprescindível desintegrar a neve da indiferença e diluir a sombra espessa da incompreensão, que nos prendem à furna do egoísmo cristalizado.

Não basta nos demoremos em análises esterilizantes do escuro ambiente de purgação do pretérito, em que nos encontramos, embora reconheçamos o diálogo construtivo por valioso ingrediente na edificação da verdade.

A hora que passa é preciosa demais para que lhe percamos a grandeza.

Saibamos abraçar a fé viva, que o Cristo nos legou, com a renúncia aos caprichos inferiores e, transformando-nos em sinceros trabalhadores no aperfeiçoamento de nós mesmos, pelo trabalho infatigável do bem, aniquilaremos as montanhas agressivas que nos separam do Mestre Divino e d’Ele receberemos o salário da luz, com que assimilaremos os dons das mais altas revelações nos domínios da Vida Eterna.

 

(Do livro Mais Perto – F.C.Xavier / Emmanuel – edição GEEM)