Chico, o semeador de amor e ternura!

“Certa vez, um espírita do Rio de Janeiro disse a Antônio Cinquenta e Oito, chofer de táxi de nossa terra, que era bom que o povo de Pedro Leopoldo não gostasse de Chico Xavier. E acrescentou feliz: ‘Assim ele fica só para nós’. Não sei quem botou isso na cabeça dele. O povo de Pedro Leopoldo sempre gostou do Chico, que, com sua paciência e sua bondade, fazia adormecer nos corações o ódio, a amargura, o desespero. Como não gostar de Chico, cujas palavras tinham a leveza de flores de jasmim e acendiam em cada peito uma esperança? Como não gostar de Chico, cujas mãos de recolher e distribuir poesias, de recolher e distribuir estrelas e mensagens de amor tanto bem fizeram à nossa terra? Como não gostar de Chico, esse semeador de amor e ternura, que nos ensinou a encontrar flores fora da estação e a pisar com leveza de passarinhos os pedregosos caminhos do mundo? Acho que o que o espírita do Rio de Janeiro queria dizer é que o povo de Pedro Leopoldo não percebeu a grandeza de Chico. E nisso eu concordo com ele. Mas desde que o mundo é mundo é difícil um grande homem não passar por isso em sua terra. Daí o velho ditado: ‘Santo de casa não faz milagre’. Grande engano, porém, é pensar que o povo de Pedro Leopoldo não gostava de Chico. O povo de Pedro Leopoldo sempre gostou de Chico. E nunca irá esquecer Francisco Cândido Xavier, médium famoso, filho maior de nossa terra. O povo de Pedro Leopoldo nunca irá esquecer Chico de João Cândido, essa coisa boa que aconteceu na vida da gente. E todos nós sabemos que Pedro Leopoldo tornou-se maior por ser a terra de Chico Xavier. E todos nós nos orgulhamos de ter nascido na mesma cidade em que nasceu Chico Xavier. E nós, da Rua de São Sebastião, nos orgulhamos ainda mais, porque nascemos na mesma cidade e na mesma rua em que ele nasceu. Ah! A Rua de São Sebastião, onde suas risadas soltas e alegres se abriram e floriram! Chico de João Cândido, nosso conterrâneo maior, incansável garimpeiro de estrelas, que deixou para sempre em nossa terra a música de seus ensinamentos, a fragrância de sua bondade, o murmúrio de suas poesias de amor geral”.

 

(Trecho do poeta e historiador pedroleopoldense José Issa Filho extraído do livro O Voo da Garça de Jhon Harley – editora Vinha de Luz)