O inesperado benfeitor
A venda de José Felizardo, onde Chico era empregado, vivia repleta.
Entre os que a frequentavam estava um homem rude, de nome Honorato, que era perito em provocar a antipatia dos outros.
Dizia palavrões.
Embriagava-se.
Por qualquer “dá cá uma palha” exibia um punhal.
Chico também não simpatizava com ele.
E quando estava à beira de uma discussão desagradável com o pobre beberrão, lembrou-se da prece e calou-se.
Em plena oração, viu Dona Maria João de Deus, que o advertiu;
― Meu filho, evite contendas. Hoje esse homem pode ser antipático aos seus olhos. Amanhã, talvez poderá ser um benfeitor em nossas necessidades.
Meses passaram.
Num Domingo, José e Chico Xavier foram, de manhãzinha, ao campo em busca de ervas medicinais para socorro a irmãos doentes.
Andaram muito à procura do velame, da carqueja e dos grelos de samambaia.
Quando se dispunham ao regresso, larga nuvem de neblina desceu sobre a região.
Por muito que se esforçassem não reencontraram o trilho de volta.
Por mais de duas horas erraram no mato agreste…
Muito aflitos, oraram juntos, pedindo socorro…
Os amigos espirituais pareciam ausentes e o nevoeiro aumentava cada vez mais.
Continuaram andando, fatigados, quando viram uma casinha à pequena distância.
Bateram à porta e a porta abriu-se.
Uma voz alegre e acolhedora gritou lá de dentro:
― Oh! Chico, você aqui?
Era o Honorato, que os abraçou com satisfação, oferecendo-lhes alimento e guiando-os ao caminho de retorno.
Quando o benfeitor se despediu, deixando-os tranquilos, a progenitora desencarnada apareceu ao médium e disse-lhe:
― Compreendeu, Chico?
E o Chico, impressionado, respondeu:
― Compreendi, sim. A senhora tem razão.
(Do livro Lindos Casos de Chico Xavier – Ramiro Gama – Editora Lake)