Revista Comunicação #207 – Abril/Junho 2014

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Editorial

Caro leitor.

No mês de aniversário de Francisco Cândido Xavier, oferecemos-lhe, em seguida à coluna A Palavra de Emmanuel, belíssimo depoimento de nosso saudoso médium, relatando os preparativos para sua reencarnação em Pedro Leopoldo, no distante 1910. Já apresentamos este texto em número anterior da revista Comunicação, mas entendemos ser muito importante evidenciar aos leitores as sublimes palavras de Chico, embaladas na luz de sua humildade.

Hoje faz 104 anos que a natureza sorriu em Pedro Leopoldo, com o nascimento de um discípulo de Jesus.

 

São Bernardo do Campo, 02 de abril de 2014
GEEM – Grupo Espírita Emmanuel

A Palavra de Emmanuel

(O pensamento do mentor espiritual de Chico Xavier a respeito de temas da atualidade: conselhos e ponderações sobre as atribulações de nossos tempos.)

Aceitemos a Dor

Aceitemos realmente a dor na condição de apoio celeste, com que a Divina Providência nos enriquece o caminho.

Toda a natureza, para ajudar a experiência do homem, alimentando-o e amparando-o, padece constantes dilacerações.

Para transformar-se em sementeira proveitosa, morre o grão esquecido no solo.

Para converter-se em farinha, a espiga humilha-se, asfixiada, sob a mó que a tritura.

Para dar-se em pão abençoado à mesa, submete-se a farinha à elevada tensão do forno.

Para servir no levantamento do edifício, sofre a pedra a pressão do martelo.

Para oferecer-se em beleza e brilho, obedece o seixo bruto ao buril que o aprimora.

Para responder às necessidades do conforto, desce o tronco aos insultos da lâmina.

Para contribuir no progresso, encontra o metal as injúrias do fogo.

A responsabilidade, na oficina do caráter, é luz que engrandece todo espírito que lhe atende às obrigações.

Não lamentes a dificuldade e nem amaldiçoes o sofrimento que porventura te busquem.

Não temas a dor na escola da vida e recolhe, em silêncio, as bênçãos de que se faz emissária.

Não te enganes com as aparências.

Quando te vejas no usufruto dessa ou daquela promoção, atento às circunstâncias do mundo, às imposições dos que te cercam ou às convenções em que a existência se te condiciona, escolhe a senda da abnegação em auxílio aos outros, porque o Senhor nos ensinou, em espírito e verdade, que somente a preço do esforço máximo pela vitória do bem, com o esquecimento de todo egoísmo, é que escalaremos o monte da paz com a nossa própria renovação.

(Do livro Nascer e Renascer – F. C. Xavier/Emmanuel, Editora GEEM)

Saudade

“O tempo não para! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo.”
Mário Quintana

Saudade é um vocábulo ímpar. Basta tentarmos defini-lo e compreenderemos seu singular significado. Dos idiomas de origem latina, somente a adotaram o galego e o português, línguas afins.

Descreve essa palavra uma mescla de sentimentos que envolvem o coração e que, quase sempre, se traduzem em lágrimas nos olhos. A saudade surge, por exemplo, quando nos lembramos de algumas pessoas que assinalaram profundamente as nossas vidas. São almas que nos influenciam a caminhada, envolvendo- nos nesse sentimento intraduzível, que não nos permite jamais esquecê-las.

Chico Xavier é uma delas.

Foi tão expressiva sua passagem entre nós que, quando dele nos lembramos, uma longa fieira de exemplos marcantes nos comove. Foi ele a personificação do amor e da caridade.

E, para recordarmos com saudade e gratidão essa grande alma, transcrevemos abaixo o belíssimo depoimento com que nosso tão caro amigo presenteou-me nos idos de 1977. O leitor poderá encontrar mais detalhes a respeito desse comovente relato no livro Mensagens de Inês de Castro.

Contou-me Chico que, próximo ao seu nascimento, ocorreu no Plano Espiritual importante reunião com Isabel de Aragão e outros elevados espíritos, a fim de estabelecer seu retorno à Terra.

E, durante os preparativos para sua reencarnação, com alguns Benfeitores, ele visitou o lar que o abrigaria, assim descrevendo a emoção do reencontro com a futura mãe:

— De minha parte, pela primeira vez, enxergava a paisagem de Pedro Leopoldo.

Era bem um vale úmido a vila modesta que pisávamos.

Uma cachoeira de águas claras parecia cantar no terreno recentemente desbravado, e as linhas da via férrea se me figuravam antenas horizontais do progresso que penetrava pelo verde adentro.

O ribeiro separava o povoado em duas regiões distintas. Do lado norte, de que vínhamos, estava a indústria nascente dos tecidos de algodão, e, para cá do ribeiro, no lado sul, o casario escasso parecia um conjunto de grandes pombais caiados de branco.

A oeste, o sol entrava no poente.

Entrei, com Benfeitores Amigos, numa rua que se abria, como até hoje, à frente da igreja, singela, mas já construída em louvor da Mãe de Jesus.

Estacamos à porta de entrada da casa que seria o meu lar. Aguardamos alguns minutos de expectação, quando jovem senhora, em companhia de outras, se destacou para entrar na residência humilde.

Era morena, de baixa estatura, vestindo roupa simples e de sorriso amigo, evidenciando resignação e simplicidade. Os cabelos trançados se lhe enrodilhavam de modo gracioso na cabeça. Despediu-se das companheiras que seguiram à frente e passou por nós sem ver-nos.

Um dos Benfeitores explicou:

— Esta é a nossa irmã tutelada de João de Deus. Em várias existências, brilhou na cultura do mundo e, por várias vezes, se consagrou à religião em casas de fé.

No entanto, em fins do século passado, pediu a maternidade por tarefa primordial, rogando ambiente de extrema carência material, para burilar-se na própria alma.

Tem agora a idade de vinte e seis anos na experiência física, um marido operário, junto de quem é humilde tecelona numa fábrica de tecidos, e já foi mãe de oito filhos, tendo perdido uma filhinha desencarnada em idade tenra e mantendo ainda sete que estão em crescimento.

Chico continuou:

— Uma simpatia profunda me ligou imediatamente àquela mulher humilde e tranquila. Parecia-me rever em roupagem diferente uma irmã querida de quem me afastara sem precisar por quanto tempo. Incapaz de explicar a emoção que me dominava, caí em pranto em que a dor se misturava com a alegria, pois reencontrava uma criatura afetuosa e amiga.

Lembro-me de que não me pude conter e caminhei para ela, envolvendo-a num grande abraço. A senhora sentiu profunda comoção e começou também a chorar, ignorando como explicar a si própria o motivo de tantas lágrimas.

Decorridos instantes, entrou o marido, um homem claro, magro e alto, usando colete antigo sob o paletó comum e, após retirar um boné que trazia na cabeça pintalgada de algodão, perguntou:

— Maria, o que houve, porque chora?

— João – respondeu ela – eu mesma não sei. Estou assim como quem se recorda de alguém que a gente ama e que a morte não mais nos deixa ver…

— Você andou lendo algum romance, falou aquele que iria ser meu pai.

— Não, nada li… É apenas um estado estranho em que entrei…

O dono da casa buscou o interior da moradia, de onde vinham vozes e gritos de crianças, e Maria de João de Deus sentou-se e orou, ali mesmo, na sala estreita, pedindo a Jesus a paz de quem ali estivesse na condição de alma em saudade e sofrimento.

Penetrei nos recantos da casa, na qual deveria em breve habitar. A pobreza e a simplicidade de tudo faziam-me chorar.

Retornamos à Vida Espiritual e, pouco tempo mais tarde, voltei para que me ligasse a Maria de João de Deus em definitivo.

Foi em 1910, quando tive a obrigação de obedecer a severas disciplinas, para que tudo ocorresse segundo a Vida Maior e não conforme os meus ideais, egoísticos talvez, de felicidade e de amor.

Pois é, caro leitor, estamos em 2014. Mais de um século transcorreu, e no dia de seu aniversário (seriam 104 anos se estivesse conosco!), sua vida de exemplos nos vem à memória, qual a sutil presença do ar que respiramos.

São recordações a envolver-nos em comovente aura que nos remete aos velhos tempos. Tempos que passaram, mas nos acompanham de modo especial nos momentos difíceis de nossas vidas.

O sopro inefável da presença do Chico, junto a cada um de nós, leva-nos às palavras de Jesus, citadas por Mateus, referindo-se a João Batista:

— Dos filhos que nasceram de mulher é o maior de todos!

E por que essas intrigantes palavras de Jesus, referindo-se a seu primo, filho de Isabel, vêm à tona, ao recordarmos o aniversário de Chico Xavier?

Por uma singela razão:

A saudade me leva a crer que, no século passado, foi ele a mais doce das criaturas que nasceram na Terra, de todas que conheci.

Fácil compreender porque surgiram garças em Pedro Leopoldo, no dia de seu nascimento. Essas aves brancas, em suas arremetidas, esparramaram pela cidade o olor dos lírios que cobriam as várzeas da cidade, simbolizando a alegria dos Céus com a chegada de um anjo à Terra.

Nosso abraço afetuoso, querido Chico.

Continue conosco, inspirando-nos no trabalho, alentando-nos o ânimo muitas vezes descaído, como naqueles tempos em que sua presença perfumava o ar que suavemente nos envolvia. Era quando nas noites claras do inverno, surpresos, contemplávamos as estrelas cadentes que cruzavam o Céu na busca ansiosa de novos espaços, desfilando por fugazes trajetos seu brilho encantador.

 

Caio Ramacciotti

Depois do Temporal

Cansado coração, ouve, lá fora,
O turbilhão do temporal violento.
Cai o granizo, ruge a voz do vento…
É a Natureza que se desarvora.

O firmamento é anônima cratera,
Quando o raio estraçalha a noite escura,
E choras, ante o caos e a desventura,
A prova que te ensombra e dilacera.

Ao furacão que passa, caem ninhos,
Tombam troncos, a ímpetos medonhos,
E recordas as pedradas dos caminhos
Que varaste perdendo os próprios sonhos!…

Espera e crê!… O temporal vai longe!…
Amanhã seguirás em nova estrada,
E, ao teu olhar, a luz será mais linda,
Quando o Sol acender a madrugada…

Maria Dolores
(Do livro Estrelas no Chão – F. C. Xavier/Espíritos Diversos Editora GEEM)

Notícias

1) Estamos em abril de 2014. Em comemoração ao aniversário de Chico Xavier, que nunca escondeu suas simpatias pela história de Inês de Castro, oferecemos aos 10 primeiros leitores que entrarem em contato conosco por carta, e-mail ou telefone, um exemplar do romance Ignez e Pedro, lançado pelo GEEM em dezembro de 2013 e já na 4ª edição.

2) Desde fevereiro passado, o Comunicação de número 206, com a biografia resumida de Chico Xavier, está sendo distribuído gratuitamente em bancas de jornais e revistas de São Paulo, capital. Os nossos leitores, que ainda não tiveram acesso a essa singela biografia do Chico, podem solicitá-la ao GEEM até 30/6/2014. Enviaremos sem despesas.

3) Espiritismo continua crescendo no Brasil:
Folha on line — 02/11/2013: De Allan Kardec a Chico Xavier, o movimento tornou-se uma criação nacional. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) afirma que o Brasil tem 3,8 milhões de pessoas que se declaram espíritas. Some-se a isso 30 milhões de simpatizantes, ligados a outros conceitos religiosos.
Revista Isto é — 06/11/2013: O filme Chico Xavier, lançado em 2010, foi assistido por público de 3.414.900 pessoas!

Nossas Atividades

I – Departamento Editorial Batuíra

Divulgação da vida e obra de Francisco Cândido Xavier
– Livros e Revista Comunicação®
– Centro de Estudos Chico Xavier
– Divulgação Braille Casimiro Cunha

Reuniões Espíritas:
– Centro Espírita Maria João de Deus
São Bernardo do Campo (2ªs e 6ªs às 20h)

Programa No Limiar do Amanhã (sábados às 19 horas)
– Rádio Morada do Sol São Paulo-SP – (AM-1260 khz)
– Rádio Morada do Sol Araraquara-SP – (AM-640khz)

II – Departamento Filantrópico Nosso Lar

Atendimento a famílias e gestantes:

Internet: www.geem.org.br
E-mail: geem@geem.org.br
Telefones: (11) 4109-7960 e (11) 4109-7122

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Diretor: Caio Ramacciotti
Jornalista Responsável: Mário Augusto R. Vilela
Colaboração: Vivaldo da Cunha Borges – in memoriam

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