Revista Comunicação #210 – Outubro/Dezembro 2014

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Editorial

Caro leitor.

Neste outubro, mês de Kardec, inspiramonos no professor de Lion, para oferecer-lhe uma edição repleta de doutrina espírita:

— a Palavra de Emmanuel, recordando o Divino Nazareno;

— a poetiza da dor, Auta de Souza, levandonos ao reencontro com Jesus;

— a crônica “Da Mitologia ao Evangelho”, que destaca o significado da Codificação Kardequiana;

— e, ao final, a belíssima mensagem de Emmanuel, mostrando-nos a importância de Kardec para a cabal compreensão das lições de Jesus.

Embalados no exuberante colorido do início da primavera, os textos desta edição refletem o divino significado da presença de Jesus em nossas vidas, enaltecida pela recordação de três de seus grandes apóstolos: o Prof. Denizard Rivail, Francisco Cândido Xavier e Emmanuel.

 

São Bernardo do Campo, 03 de outubro de 2014
GEEM – Grupo Espírita Emmanuel

A Palavra de Emmanuel

(O pensamento do mentor espiritual de Chico Xavier a respeito de temas da atualidade: conselhos e ponderações sobre as atribulações de nossos tempos.)

Com a Bênção do Cristo

Com a bênção do Cristo na própria alma, tens contigo a Luz, que extingue a sombra, e o Amor, que mitiga o sofrimento.

Assim, à frente dos que te rogam socorro, exilados nas trevas da ignorância ou nas aflições da miséria, descerra o coração e ampara sempre.

Não lastimes: – sou nada.
Não digas: – esmoreci.

Sabes que possuis, no altar do próprio espírito, o celeiro de bênçãos do Grande Doador e que a harmonia do Céu dilatar-se-á em teus dias, à medida que lhe estendas os áureos dons.

Não procures o Mestre tão somente para pedir…
Não lhe recordes a generosidade apenas no escuro instante do pessimismo, quando o Sol se te afigura apagado e a vida te parece envolta em cinza e fumo!…

Jesus espera-te o coração todos os dias para vazar, através de teu sentimento, de tua palavra e de tuas mãos, o tesouro da Boa Nova, que é consolo e entendimento, harmonia e esperança…

Lembra que o Senhor te solicita os braços na construção do Reino de Deus na Terra e, por essa razão, podes ser com Ele, desde hoje, o sagrado instrumento do Eterno Bem…

Pensa nisso e jamais te sintas cansado ou inútil para auxiliar…

Sabes que a morte é ressurreição na Vida Imperecível para os que souberam fazer luz em si mesmos e não ignores que o amor cobre a multido de nossas próprias faltas…

Compreendendo, assim, o Evangelho, em termos de trabalho e renovação, sê, com Jesus, o servidor da fraternidade, para que a fraternidade, como anjo celeste, se faça a guardiã de tua alegria.

— Ide e pregai, disse-nos o Senhor.
Sigamos exemplificando, acrescentamos nós, porque, somente pela cartilha de nossos próprios testemunhos de fé, o irmão do caminho poderá contemplar a bondade do Cristo e sentir-Lhe a Infinita Grandeza.

 

Emmanuel
(Do livro Abençoa Sempre – F.C.Xavier/Emmanuel. Edição GEEM)

Da Mitologia ao Evangelho

Quando me ocorreu escrever algo sobre Mitologia e Evangelho, meu pensamento se dirigiu até o Chico, com a rapidez de um bólido do espaço celestial. Pedi-lhe:

— Cara e saudosa alma, por favor, dê-me uma mão. Fiquei esperando a resposta, e nada de retorno…

Passou uma semana, e então resolvi encarar sozinho o desafio, ao som das mesmas músicas que ouvíamos juntos, décadas atrás, rodadas em um velho toca-fitas. (Ah! Se o tempo pudesse voltar…).

A beleza da “Serenata d’Amore”, de Mantovani, que ouvíamos à exaustão, fez-me sentir subitamente sua presença, impossível de confundir- se com a de qualquer outra criatura do mundo. Ecoou então em meus ouvidos uma aluvião de palavras, que apenas em parte consigo reproduzir. Belíssimas elucidações, cuja síntese é, mais ou menos, a seguinte:

Os habitantes da Terra, ao tempo das civilizações históricas, a partir de cerca de quatro mil anos antes de Cristo, tiveram grandes dificuldades para harmonizar-se com suas crenças religiosas. Serviram-se dos deuses mitológicos, na profunda ânsia de encontrar alguma razão para compreender a vida de dificuldades, guerras e privações por que transitavam.

Dentre essas multiformes e ricas civilizações, cumpre destacar a Grécia Antiga, que nos cativou com seus fascinantes mitos.

Neles, Humberto de Campos mergulhou sua pena inconfundível. Esse saudoso cronista ensinou-nos a admirar a desesperada tentativa das gentes do Mar Egeu em dar sentido à vida terrena.

Observamos na mitologia grega a curiosa transferência dos conceitos humanos aos deuses olímpicos, que, afora serem poderosos e imortais — pois se alimentavam de néctar e de ambrosia! — pouco se diferenciavam dos habitantes da Terra, que os criaram em sua fértil imaginação.

E, detendo-nos apenas na eterna luta pelo poder, sem entrarmos na análise da dor, do sofrimento, das amarguras que afligiam deuses e mortais, meditemos sobre a intrigante saga dos titãs, filhos de Gaia e Urano, que personalizavam respectivamente a Terra e o Céu.

Um deles, Cronos, casado com Reia, a fim de perpetuar-se como o deus universal, engolia, ao nascerem, um a um seus próprios filhos. Apenas não o fez com Zeus porque a mãe Reia colocou na boca de Cronos uma enorme pedra, que ele deglutiu, acreditando ser o filho caçula.

Zeus, mais tarde, em homérica aventura, retirou cada um dos irmãos das entranhas de Cronos, a quem, posteriormente, conseguiu destronar. Os irmãos, por gratidão, e os tios, os temíveis Cíclopes, gigantes com um olho só e inventores do relâmpago, auxiliaram-no nessa luta, que durou, segundo a tradição mitológica, dez mil anos!… Tornou-se, assim, o deus supremo do Universo.

Zeus, divindade que os romanos copiaram aos gregos sob o nome de Júpiter, bem como seus pares, tinham comportamento idêntico ao dos habitantes da Terra, cuja imaginação os tinha criado. Nesse universo mágico em que deuses e humanos conviviam no dia a dia, mesmo esse novo deus todo-poderoso, que sucedeu a Cronos, era, por vezes, advertido por uma simples gralha, ave de canto estridente, que o visitava de quando em quando, dizendo-lhe:

— Cuidado, meu jovem, também você poderá ser destronado mais tarde por seu filho. É da vida!

Assim aconteciam as coisas. Mesmo no conceito de divindade e de imortalidade perseveravam os valores materiais.

Os numerosos seres imortais do Olimpo, coordenados por Zeus, não traziam, quando desciam à Terra, o que lhes era frequente, palavras de reconforto e alento aos pobres seres humanos. Naqueles tempos distantes, apenas se tocava a vida, sem maiores perspectivas espirituais…

Mas, qual seria a relação entre deuses mitológicos e o espiritismo, você, caro leitor, poderia indagar.

Ao contrário dos conceitos dos povos politeístas, o espiritismo, na feliz síntese de Kardec, nos ensina que Deus é a inteligência suprema e a causa primária de todas as coisas.

Jesus Cristo, seu filho, nos acompanha na Terra, em que viveu por 33 anos, extasiando-nos com suas lições e exemplos. Seus auxiliares, os nossos Benfeitores, descem efetivamente até nós com a mesma intensidade com que o faziam os deuses mitológicos. Mas, esses espíritos que nos visitam são reais, e muitas vezes podemos vê-los, senti-los e com eles dialogar.

Convivem conosco e ajudam-nos, de todas as formas possíveis, a superar os naturais óbices de um mundo de expiação e provas.

Se atentarmos para a sublime beleza do Evangelho falado e exemplificado pelo Mestre, de pronto anotaremos que Jesus não ignorava a nenhum de nós.

Prestigiou as bodas de Caná com sua presença, transformando a água em vinho; restituiu a visão a Bartimeu em Jericó; devolveu a saúde de um filho, acalmando-lhe o pai desesperado; ofereceu à mulher da Samaria a água cristalina que sacia a sede do espírito para toda a Eternidade. E fez reviver Lázaro, com lágrimas de saudade a rolar pelo seu divino rosto.

Sua serenidade, ao contemplar Jerusalém do Monte das Oliveiras, mostrou-nos, sobretudo, que o Pai não nos abandona. Lembra-nos Ele, sim, que, se os lírios do campo se vestem com tanta beleza e as aves do Céu não padecem da falta de alimentos, por que nós seríamos abandonados à própria sorte?

Apenas nos pede que coloquemos juntos o nosso tesouro e o coração…

Ouvi muito mais da saudosa criatura, que nos deixou em 30 de junho de 2002. Porém, muitas de suas palavras feneceram ante a minha impossibilidade de anotá-las. Ficou a saudade…

Despertou-se-me o desejo de perpetuar as visitas a Uberaba, serenas e repletas de espiritualidade. Mas, o que fazer?

Sem poder visitar Chico Xavier, para dele ouvir diretamente os ensinos que colheu ao Mestre, podemos viajar no tempo e revê-lo atendendo pacientemente a cada irmão do caminho, alternando sorrisos de alegria e lágrimas de dor. Sempre consolando com palavras de alento e esperança, inspirado na mensagem de Jesus a exortar-nos:

– Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.

 

Caio Ramacciotti

Reverenciando Kardec

Antes de Kardec, embora não nos faltasse a crença em Jesus, vivíamos na Terra atribulados por flagelos da mente, quais os que expomos:

– o combate recíproco e incessante entre os discípulos do Evangelho;
– o cárcere das interpretações literais;
– o espírito de seita;
– a intransigência delituosa;
– a obsessão sem remédio;
– o anátema nas áreas da filosofia e da ciência;
– o cativeiro aos rituais;
– a dependência quase absoluta dos templos de pedra para as tarefas da edificação íntima;
– a preocupação da hegemonia religiosa;
– a tirania do medo ante as sombrias perspectivas do além-túmulo;
– o pavor da morte por suposto fim da vida.

Depois de Kardec, porém, com a fé raciocinada nos ensinamentos de Jesus, o mundo encontra no Espiritismo Evangélico benefícios incalculáveis, como sejam:

– a libertação das consciências;
– a luz para o caminho espiritual;
– a dignificação do serviço ao próximo;
– o discernimento;
– o livre acesso ao estudo da lei de causa e efeito, com a reencarnação explicando as origens do sofrimento e as desigualdades sociais;
– o esclarecimento da mediunidade e a cura dos processos obsessivos;
– a certeza da vida após a morte;
– o intercâmbio com os entes queridos domiciliados no Além;
– a seara da esperança;
– o clima da verdadeira compreensão humana;
– o lar da fraternidade entre todas as criaturas;
– a escola do Conhecimento Superior, desvendando as trilhas da evolução e a multiplicidade das “moradas” nos domínios do Universo.

Jesus – o amor.
Kardec – o raciocínio.
Jesus – o Mestre.
Kardec – o Apóstolo.

Seguir o Cristo de Deus, com a luz que Allan Kardec acende em nossos corações, é a norma renovadora que nos fará alcançar a sublimação do próprio espírito, em louvor da Vida Maior.

 

Emmanuel
(Do livro Doutrina de Luz – Francisco Cândido Xavier/Emmanuel – Ed.GEEM)

Sublime Encontro

Se procuras o Cristo Soberano
Por excelso refúgio às próprias dores,
Busca hoje e amanhã, por onde fores,
O torturado coração humano.

Desce ao vale dos grandes amargores,
Onde revelam sofrimento insano
A aflição, a miséria e o desengano,
Entre flagelos purificadores.

Desce à feição do Sol na noite fria,
Guardando a caridade por teu guia,
Ajudando e servindo cada hora…

E, ante a luz da Divina Primavera,
Encontrarás o Cristo que te espera,
Crucificado em cada ser que chora.

 

Auta de Souza
(Soneto recebido pelo médium Francisco Cândido Xavier, em reunião na noite de 21/05/1957, em Pedro Leopoldo – Minas Gerais)

Notícias

1) No dia 3 de outubro de 1804, nascia em Lion, França, Allan Kardec. Em 2014, comemoramos 210 anos de seu nascimento. Ao Mestre de Lyon, nas Esferas Celestiais em que se encontra, nossa gratidão. Fez-nos conhecer a mensagem de Jesus, simples e eloquente, através da Doutrina Espírita que codificou.

2) Na Bienal Internacional do Livro realizada de 21 a 31 de agosto passado, o GEEM esteve presente com as obras de Francisco Cândido Xavier. Nosso stand recebeu numerosíssimo público com a movimentação de milhares de exemplares de nossos livros. Comovente foi sentirmos o carinho que o povo devota à alma querida, que buscamos homenagear na Bienal. Constatamos, orgulhosos, que ninguém deixava nosso espaço sem um livro na mão. O livro Ignez e Pedro, baseado em saudosas vivências do autor com o Chico, teve imensa recepção do público presente nos dez dias do evento.

(Em edição próxima, apresentaremos detalhes e fotos sobre essa 23ª edição da Bienal).

Nossas Atividades

I – Departamento Editorial Batuíra

Divulgação da vida e obra de Francisco Cândido Xavier
– Livros e Revista Comunicação®
– Centro de Estudos Chico Xavier
– Divulgação Braille Casimiro Cunha

Reuniões Espíritas:
– Centro Espírita Maria João de Deus
São Bernardo do Campo (2ªs e 6ªs às 20h)

Programa No Limiar do Amanhã (sábados às 19 horas)
– Rádio Morada do Sol São Paulo-SP – (AM-1260 khz)
– Rádio Morada do Sol Araraquara-SP – (AM-640khz)

II – Departamento Filantrópico Nosso Lar

Atendimento a famílias e gestantes:

Internet: www.geem.org.br
E-mail: geem@geem.org.br
Telefones: (11) 4109-7960 e (11) 4109-7122

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Diretor: Caio Ramacciotti
Jornalista Responsável: Mário Augusto R. Vilela
Colaboração: Vivaldo da Cunha Borges – in memoriam

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