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O convite para uma visita a Pedro Leopoldo, a fim de conhecermos o médium Francisco Cândido Xavier, partiu do orador espírita Romeu de Campos Vergal, na sede do Centro Espírita Rodrigo Lobato, em São José do Rio Preto, após a palestra que acabara de proferir.
Aceitamo-lo com imensa satisfação: eu, minha esposa Hilda e a prima Walda Grisi, que se dispôs a acompanhar-nos na excursão de que participaram também jornalistas e confrades de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Nossa viagem a Pedro Leopoldo deu-se no dia 16 de junho de 1948. A primeira etapa foi por avião até Belo Horizonte; de lá uma comitiva de automóveis conduziu-nos até a cidade natal do Chico.
O primeiro e inolvidável encontro com o médium ocorreu na casa de sua irmã Luíza, onde o aguardávamos do regresso de seu trabalho na Fazenda Modelo. Foram momentos de muita alegria e emoção, pois estávamos realizando o grande sonho de conhecer e abraçar o famoso medianeiro.
Após as apresentações, envolvidos pela simpatia e simplicidade do Chico, nós e os caravaneiros encaminhamo-nos jubilosos à pensão de Dona Naná, que nos serviu um jantar, contando com a sua carinhosa presença e, em seguida, seguimos para a antiga sede do Centro Espírita Luiz Gonzaga ― a velha casa onde residiram José, irmão do médium e a cunhada Geni.
A simplicidade dominava o ambiente. Mobiliário rústico e indispensável: um caixote fixado na parede, à guisa de estante para guardar os livros e a mesa ladeada de toscos bancos de madeira, sem nenhum acabamento…
Era bem uma amostra dos primeiros núcleos do Cristianismo nascente (a futura sede do centro seria edificada no terreno onde se erguera a casa em que Chico nascera, e sua inauguração deu-se em 1950).
No transcurso da sessão, vários confrades presentes endereçaram perguntas por escrito ao benfeitor Emmanuel.
De minha parte, solicitei algumas palavras aos amigos do Centro Espírita Caminho de Damasco, de Votuporanga, a primeira casa espírita da cidade, fundada em 18 de agosto de 1940 pelos pioneiros da região, Antonio Casemiro, José de Morais, entre outros, na qual eu colaborava àquela época, pois, havia-me transferido para lá em 1945.
Chico psicografava as respostas de Emmanuel diante de nós e no final, um espírito presente à reunião transmitiu mensagem à sua mãe, Dona Anita Brise, membro da Liga Espírita de São Paulo.
Atendendo à nossa solicitação, Emma-nuel havia dado uma pequena mensagem que o médium nos entregou. Ao lê-la comovemo-nos com as palavras de incentivo ao grupo.
Eis o texto que guardamos todos esses anos:
Meus amigos, muita paz.
O Caminho de Damasco prossegue aberto ao trânsito de nossas esperanças e aspirações.
Palmilhando-o, consagremo-nos efetivamente ao Senhor, na conversão real de todos os valores de nossa vida, que devemos hipotecar ao Cristo vivo, augusto e soberano.
Transformemos o próprio coração numa Jerusalém divina. E, destruindo velhos impedimentos da luta menos digna, encaminhemo-nos ao campo do testemunho pessoal, à procura da Ressurreição Eterna.
A estrada de Damasco é, sobretudo, de visão espiritual, de compreensão dos deveres que nos convocam à espiritualidade sublime.
Neguemos a inferioridade antiga, aceitemos a nossa cruz salvadora e caminhemos.
Nesse programa de renovação interior, encontraremos, com Jesus, a nossa imperecível libertação.
Emmanuel
Pedro Leopoldo, 16 de junho de 1948
Até hoje recordo com muita emoção as inesquecíveis horas vividas naquela primeira viagem a Pedro Leopoldo. E, ao rememorá-las, sou agradecido a Jesus para todo o sempre, pela oportunidade de conhecer Francisco Cândido Xavier.
Inesquecível Chico
Romeu Grisi e Gérson Sestini