Presenciei a desencarnação de meu pai, Carlos Salvador Grijó, em 20 de setembro de 1996. Quis a vida dar-me essa vivência, que me proporcionou o consolo necessário para prosseguir. Estava com 30 anos de idade, e meu pai com 63.

Militar graduado, era portador de miocardiopatia, que ao longo dos anos se agra-vou. Foi desconsiderado o transplante do coração e optou-se por cirurgia de redução do músculo cardíaco sem resultado.

Lembro-me que na noite do agravamento de seu quadro clínico, passei a noite com ele no hospital.

Acordou de madrugada, sentou-se na cama, pediu por sua farda militar para trabalhar, pois o Brasil dependia do esforço de todos…

Argumentei com ele carinhosamente que poderíamos esperar pelo amanhecer.

Quando as luzes da manhã iluminaram o quarto, meu querido pai passou para o estado de inconsciência, assim permanecendo durante todo o dia.

Ao anoitecer, já com a família reunida, por volta das onze e meia da noite, vi seu corpo espiritual desprender-se do corpo físico e despedir-se dos entes queridos presentes, beijando-lhes a face e aconselhando cada um deles. A mim, disse-me para continuar a ser o bom filho que era.

Minha irmã, vendo-me assustado, indagou:

– O pai está indo, Luiz?

Respondi que sim e, dessa forma, todos levantamos e nos posicionamos ao redor de sua cama, orando por ele. O quarto esfriou muito e um forte odor de rosas impregnou o ambiente. Uma leveza inexplicável adentrou em nossos corações, possibilitando-me visualizar um dos mais belos quadros espirituais em minha atual existência:

Dois abnegados Benfeitores do Mundo Espiritual colocaram uma espécie de maca ao lado da cama que sustentava meu pai, e, docilmente, tocaram nele, dizendo:

– “Seu” Carlos, está na hora, podemos ir? Meu pai, adormecido, foi levado à maca, e quando se preparavam para partir, perguntei mentalmente aos Benfeitores:

– Para onde estão levando meu pai?

Um deles assim respondeu:

– Meu filho, ele vai para a Colônia Espiritual Renascer ou Renascença, se não me engano, para refazer suas forças.

Assim partiram, num ângulo aproximado de 45o, ascendendo para os segredos da Vida Maior. Apesar de presenciar o derradeiro suspiro de meu querido pai, senti-me reconfortado pelo atencioso amparo espiritual.

Alguns meses depois, recebi mediunicamente duas mensagens que mostrei ao Chico em visita a Uberaba.

Ele as leu com atenção e disse:

– A primeira mensagem é de Isadora, espírito amigo. Sobre a segunda, que relatava a passagem de um Homem de Bem, Chico Xavier, assim se posicionou:

– Essas palavras são de seu pai!

 

Devido à sua enfermidade, meu pai não podia realizar viagens longas, e Campo Grande (MS) dista de Uberaba 860 km, o que o impediu de conhecer Chico Xavier.

Cinco meses após sua partida para a Vida Maior, sonhei com meu pai e convidei-o para irmos, em espírito, a Uberaba conhecer o Chico.

Ele argumentou que era muito longe, mas peguei em sua mão e partimos num processo de levitação.

Logo chegamos à casa de Chico, que estava ocupado e pediu que o aguardás-semos por um momento. Pouco tempo depois, Chico adentra a sala e respeitosa-mente nos cumprimentamos.

Então falei a meu pai:

– Pai, se em vida, não pude trazê-lo para conhecer o Chico, agora o faço.

E apresentei-os:

– Chico, este é meu pai.

-Pai, este é o Chico.

 

Luiz Fernando Grijó, Campo Grande-MS