Revista Comunicação #217 – Julho/Setembro 2016

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A Palavra de Emmanuel

(O pensamento do mentor espiritual de Chico Xavier a respeito de temas da atualidade: conselhos e ponderações sobre as atribulações de nossos tempos.)

José da Galileia

E, projetando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: – José, filho de David, não temas receber a Maria. (Mateus, 1:20)

Em geral, quando nos referimos aos vultos masculinos que se movimentam na tela gloriosa da missão de Jesus, atentamos para a precariedade dos seus companheiros, fixando, quase sempre, somente os derradeiros quadros de sua passagem no mundo.

É preciso, porém, observar que, a par de beneficiários ingratos, de ouvintes indiferentes, de perseguidores cruéis e de discípulos vacilantes, houve um homem integral que atendeu a Jesus, hipotecando-lhe o coração sem mácula e a consciência pura.

José da Galileia foi um homem tão profundamente espiritual que seu vulto sublime escapa às análises limitadas de quem não pode prescindir do material humano para um serviço de definições.

Já pensaste no Cristianismo sem ele?
Quando se fala excessivamente em falência das criaturas, recordemos que houve tempo em que Maria e o Cristo foram confiados pelas Forças Divinas a um homem.

Entretanto, embora honrado pela solicitação de um anjo, nunca se vangloriou de dádiva tão alta.

Não obstante contemplar a sedução que Jesus exercia sobre os doutores, nunca abandonou a sua carpintaria.

O mundo não tem outras notícias de suas atividades senão aquelas de atender às ordenações humanas, cumprindo um édito de César, e as que no-lo mostram no templo e no lar, entre a adoração e o trabalho.

Sem qualquer situação de evidência, deu a Jesus tudo quanto podia dar.
A ele deve o Cristianismo a porta da primeira hora, mas José passou no mundo dentro do divino silêncio de Deus.

(Levantar e Seguir, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier. Edição GEEM)

Judas Iscariotes

Pouco se fala de Judas no Novo Testamento, o que nos dá a nítida impressão de que os evangelistas, entristecidos com a atitude do apóstolo, buscaram esquecê-lo.

O destino das trinta moedas, que Judas recebeu em troca de denunciar Jesus com seu famigerado beijo, tem dois caminhos no texto evangélico.

O Evangelho de Mateus descreve que, desesperado de remorso, Judas buscou os sacerdotes que lhe deram as moedas de prata e as devolveu. Estes, por sua vez, não desejando guardá-las, por julgarem-nas indignas de enriquecer o sagrado tesouro do templo, resolveram comprar uma área, popularizada pelo nome de Campo de Sangue, e nela construíram um cemitério para forasteiros, estranhos ao povo de Jerusalém.

Mateus conclui seu relato, lembrando que, após jogar as moedas de prata no santuário do templo, Judas suicidou-se.

Nos “Atos dos Apóstolos”, Lucas nos traz versão diferente, relatando que Judas, com as trinta moedas, adquiriu um campo denominado Aceldama ou Campo de Sangue para lá viver e nele se matou, deixando deserta assim sua derradeira morada, conforme profetizou David no Livro dos Salmos:

— Fique deserta sua morada e não haja quem nela habite!

Voltando a Judas, recordemos que o apóstolo ampliou ao infinito seu leque de padecimentos, em sucessivas reencarnações, até conseguir apagar da memória o fatal e infeliz beijo no Monte das Oliveiras.

Humberto de Campos faz justiça a esse apóstolo*, que se redimiu, carregando consigo a mácula renovadora do remorso nos séculos seguintes, até liberar-se definitivamente do Plano Físico, vendo o seu corpo ser barbaramente consumido por implacável fogueira no início do século XV.

Vejamos pequena parte de seu depoimento em entrevista, no Plano Espiritual, concedida a Humberto de Campos.

Nosso grande e sofrido escritor lhe indaga se conseguiu salvar-se apenas pelo arrependimento.

E Judas lhe responde:

— Não. Não consegui. O remorso é uma força preliminar para os trabalhos reparadores.

Depois da minha morte trágica, submergi-me em séculos de sofrimento expiatório da minha falta.

Sofri horrores nas perseguições infligidas em Roma aos adeptos da doutrina de Jesus, e as minhas provas culminaram em uma fogueira inquisitorial, onde, imitando o Mestre, fui traído, vendido e usurpado. Vítima da felonia e da traição, deixei na Terra os derradeiros resquícios do meu crime, na Europa do século XV.

Desde esse dia, em que me entreguei por amor do Cristo a todos os tormentos e infâmias que me aviltavam, com resignação e piedade pelos meus verdugos, fechei o ciclo das minhas dolorosas reencarnações na Terra, sentindo na fronte o ósculo de perdão da minha própria consciência…

As lutas de Judas nos remetem a Paulo, o algoz de Estêvão, e a Emmanuel, que tanta aflição impôs a Lívia. Ambos feriram essas elevadas criaturas e se propuseram reiterados padecimentos.

Paulo retornou à Pátria Espiritual em paz com sua consciência no ano de 64 de nossa era, em Roma, decapitado por ordem de Nero, após três décadas de pregação e vivência integral da mensagem de Jesus.

Emmanuel, na veste física de Públio Lêntulus, teve também fim dramático, sucumbindo sob os escombros de Pompeia, quinze anos depois da morte de Paulo. Ambos se renovaram pela dor, tão logo abrigaram no coração a sublime palavra do Mestre.

Mesmo com sua elevada estatura espiritual, Judas, Paulo e mesmo os doze após-tolos do Cristo, ao levar sua mensagem ao mundo, foram todos sacrificados brutalmente, à exceção de João, que permaneceu em Éfeso ao lado de Maria. Aqueles mártires abnegados, no anseio de falar do Mestre, com quem intensamente conviveram, percorreram, na expressão consagrada por Toynbee, quase todo o “oikoumenê”, ou seja, o universo conhecido do primeiro século da era cristã.

Pregaram, sem tréguas, desde o extremo ocidente da atual Europa, banhado pelas águas do Oceano Atlântico, até as longínquas regiões da Ásia Menor e da Mesopotâmia, chegando mesmo aos confins do distante Oriente, onde nasce o Sol…

Ante a imensa dor presente na vida dessas almas abnegadas, pergunto-me:
— E Chico Xavier? Será que o missionário do século XX também padeceu amargas e inauditas provações?

A resposta é clara. Convivendo conosco não conheceu o martírio de outros tempos, mas reconheçamos: suas alegrias ficaram exclusivamente à conta dos júbilos espirituais que colheu em sua missão centenária.

Teve árdua existência. Vimo-lo caminhar pelos mais sáfaros desertos, em que minguava a água fresca, tendo, contudo, a sede espiritual saciada, mercê da Misericórdia de Jesus.
Além de sua dedicação e do trabalho que todos admiramos, o que Chico devolveu-nos em troca das inescrutáveis perseguições e incompreensões que sofreu? Das amargas perdas a que sobreviveu?

A resposta é óbvia: simplesmente o encantador sorriso — puro, descontraído e inspirado nos seus mais nobres sentimentos.

É evidente que chorou com a perda de duas mãezinhas, que venerava, e também pela dor das garfadas que lhe marcaram o corpo, desferidas pela madrinha. Caíram-lhe lágrimas dos olhos ao ver-se caluniado por um sobrinho, envolto nas trevas do espírito, e também vimos frequentemente seus óculos embaçados, quando ouvia de mães aflitas palavras de profundo desalento ante a perda dos filhos queridos.

Com lágrimas superou as enfermidades que lhe marcaram a vida. Contudo, escondia-as dos que o visitavam, derramando-as mais tarde, em noites indormidas, na solidão das horas difíceis.

Mas, o sorriso… Ah! Esse era para todos. Invariavelmente transmitia uma alegria interior que raros conseguem encontrar. Um júbilo irrefreável era o retrato de sua alma.

Creio que podemos vê-lo sorrindo agora, em sua morada na Vida Maior, e tomamos a liberdade de pedir-lhe: Chico, sorria sempre para todos nós, descortinando-nos novos horizontes ante as agruras da vida e os percalços do caminho.

Parece-nos oportuno, para compreender melhor a figura generosa e simples de Chico Xavier, voltar aos ensinos do Evangelho.

Com notável inspiração, Lucas nos fala do velho Simeão e de Ana, dignos cultores das tradições religiosas judaicas, muito respeitados no templo de Jerusalém, que sempre visitavam. A Simeão o Senhor da Vida revelara que ele não passaria pela morte antes de ver o Cristo.

Ana e Simeão estavam presentes quando, em obediência à lei de Moisés, José e Maria levaram o menino Jesus, por ser o primogênito, ao templo de Jerusalém, para oferecer o sacrifício de um par de pombinhos.

Simeão ao vê-lo, tomou-o nos braços e muito emocionado disse:

— Agora, Senhor, podes despedir em paz o Teu servo, porque os meus olhos Te reconheceram como o salvador de todos os povos.

Chico, nos últimos tempos de sua vida conosco, tão idoso quanto Simeão, certamente ao sentir sua missão cumprida, após décadas e décadas de total doação a Jesus, também deve ter dito ao Mestre:

— Senhor, agora podes levar-me, se for da Tua vontade. Eu Te reconheci sempre em toda a minha longa vida, desde a distante infância na minha querida Pedro Leopoldo!

Caro Chico, receba o abraço dos amigos que remanescem neste mundo saudosos de sua presença. Por favor, ensine-nos também a sorrir. Com aquele sorriso que lhe nascia do coração enternecido!

São Bernardo do Campo, 30 de junho de 2016.
Caio Ramacciotti

* Crônicas de Além Túmulo, Francisco Cândido Xa-vier/Humberto de Campos. Edição FEB.

Chico nos Estados Unidos

No início da década de 60, objetivando espargir a sementeira do Espiritismo em outras terras, como fizeram alguns discípulos de Cristo, sobretudo Paulo de Tarso, Lucas, Barnabé e outros luminares do Cristianismo nascente, que saíram a semear, Chico dirigiu-se com Waldo aos Estados Unidos e depois à Inglaterra.

Em ambos os países, Chico recebeu mensagens psicografadas em inglês, que constam do livro Entre Irmãos de Outras Terras (edição FEB).

Esteve em Nova Iorque e depois na Carolina do Norte, onde permaneceu por cerca de quatro meses, hospedado pelo senhor Salim Haddad e por sua esposa.

O Dr. Eurípedes Tahan Vieira, que ulteriormente se tornou seu médico em Uberaba, fazia, na época, estágio nos Estados Unidos, onde revalidou o diploma e exerceu a medicina por alguns anos.

Um dia, ambos andavam por uma rua no centro de Nova Iorque, quando Chico, que não era ainda tão conhecido, foi abordado por um transeunte que falava espanhol.

Era um portoriquenho que, tocando-lhe o ombro, aflito, pediu ajuda:

— Eu preciso muito do senhor, minha mulher está passando mal.

O Dr. Eurípedes ficou receoso, porém Chico pediu-lhe que anotasse o endereço.

No dia seguinte, foram à sua casa. A esposa estava obsedada e se contorcia na cama. Chico pediu ao marido que colocasse uma vasilha com água sobre um móvel do quarto.

Ao ministrar o passe, a água se tornou leitosa e perfumada, como também todo o ambiente, fenômeno que observei muitas vezes com a presença do Chico.

Chico conversou com ela, completamente restabelecida, falando em castelhano fluente.

Quando saíram, o Dr. Eurípedes, admirado, comentou:

— Que negócio é esse, você falando espanhol?

Chico lhe respondeu:

— Não fui eu quem falou, foi a avó dela que falou por mim…

 

(Notáveis Casos de Chico Xavier, Dr. Oswaldo de Castro. Edição GEEM)

Notícias

1) De 1 a 8 de abril passado, a União Espírita Mineira, dirigida pelo ilustre amigo Henrique Kemper Borges Júnior, realizou a “Semana Chico Xavier” com importantes eventos: estudos da obra de Chico e palestras que se estenderam ao longo do mês, com a presença de incontável público. Ao caro Presidente da UEM, os nossos cumprimentos. Que essa dedicação ao Chico, que faz recordar a saudosa Presidente, D. Neném, nos sirva de exemplo.

2) Este ano o Congresso Espírita Mundial será realizado de 7 a 9 de outubro, em Lisboa, Portugal, organizado pela Federação Espírita Portuguesa, ao lado da CEI – Confederação Espírita Internacional.

3) No dia 1º de abril passado, foi inaugurado o Núcleo Espírita Chico Xavier em Embaúba-SP. Parabéns à comunidade espírita local.

4)De 23 a 24 de abril de 2016, em Caldas da Rainha, Portugal, foi realizada a 12ª Jornada Espírita do Oeste.

5)Há 46 anos, o Programa “No Limiar do Amanhã” fala de Doutrina Espírita, exaltando Kardec e Chico Xavier. Na edição de 21 de maio passado, o eng. Cineas Feijó Valente, Paulo e Fábio Ramacciotti e Frederico Alves recordaram o programa do primeiro aniversário, que foi ao ar em 1971, em que Herculano Pires entrevista Chico Xavier. Extraordinário! Ouça-o em nosso site.

Nossas Atividades

I – Departamento Editorial Batuíra

Divulgação da vida e obra de Francisco Cândido Xavier
– Livros e Revista Comunicação®
– Centro de Estudos Chico Xavier
– Divulgação Braille Casimiro Cunha

Reuniões Espíritas:
– Centro Espírita Maria João de Deus
São Bernardo do Campo (2ªs e 6ªs às 20h)

Programa No Limiar do Amanhã (sábados às 19 horas)
– Rádio Morada do Sol São Paulo-SP – (AM-1260 khz)
– Rádio Morada do Sol Araraquara-SP – (AM-640khz)

II – Departamento Filantrópico Nosso Lar

Atendimento a famílias e gestantes:

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