Recordar Chico é sempre uma lição de amor

Recordar Chico Xavier é sempre uma lição de amor.

Foi assim no caso do enterro do Sr. Juca.

Naquele dia, Chico levantara-se cedo e, ao sair para o trabalho encontra no caminho um amigo, que lhe diz:

– Sabe quem morreu?

– Não!…

– O Juca, seu ex-patrão. Morreu na miséria, Chico, sem ter nem o que comer…

– Coitado! A que horas é o enterro? – pergunta Chico, tirando do bolso o lenço e enxugando os olhos.

– Creio que vão enterrá-lo a qualquer hora, como indigente, no caixão da prefeitura…

Emocionado, Chico medita e pede ao amigo que vá à casa onde ele desencarnou e aguardem um pouco, pois vai tentar providenciar ao menos um caixão. O amigo se despede.

E ali mesmo, no caminho, recordando seu ex-patrão, figura humilde, que tanto bem lhe fizera, Chico envia uma prece a Jesus:

“Senhor, trata-se de meu ex-patrão, a quem devo tanto; que me socorreu nos momentos mais angustiosos; que me deu emprego com o qual socorri minha família; que tanto sofreu por minha causa. Que eu lhe pague, em parte, a gratidão que lhe devo. Ajude-me Senhor”.

E tirando o chapéu da cabeça, à guisa de sacola, foi bater de porta em porta, pedindo uma esmola para comprar um caixão para o Sr. Juca.

Em pouco tempo, toda a cidade toma conhecimento do ocorrido e se emociona com o gesto de Chico.

Um pobre cego, muito conhecido em Pedro Leopoldo , esbarra com ele:

– Por que tanta pressa, Chico?

– Meu NEGO, estou pedindo esmolas para enterrar meu ex-patrão.

– Já soube! Coitado, tão bom! Espere aí, Chico. Tenho aqui algum dinheiro que deram de esmolas ontem e hoje.

E despejou no chapéu do Chico tudo o que havia arrecadado até ali…

Observando os olhos mortos e sem luz, viu-os cheios de lágrimas e comoveu-se ainda mais.

– Obrigado, meu NEGO! Que Jesus lhe pague o sacrifício.

E assim, Chico comprou com o dinheiro esmolado o caixão. Providenciou o enterro. Acompanhou-o até o cemitério.

E já tarde, regressou à casa. Tinha vivido um grande dia.

Em prece muda, agradeceu a Jesus.

Emmanuel – seu bondoso guia – lhe aparece e sorri.

E sorrimos todos nós com os corações embalados pelo testemunho de humildade, amor e gratidão que só mesmo o nosso Chico poderia nos deixar.

 

(Do livro Lindos Casos de Chico Xavier – Edição LAKE)