Rolando — Uma vida de renúncia e trabalho

Com grande alegria, incorporamos mais um livro de Francisco Cândido Xavier ao nosso acervo, com as dez mensagens que o saudoso Rolandão transmitiu-nos pelo Chico, além de descontraído escorço biográfico.

São páginas ricas que retratam a grandeza dalma de quem dedicou meio século de sua vida aos que sofrem e à incansável divulgação da Doutrina Espírita, em plena identidade com Francisco Cândido Xavier.

Nesta edição da revista Comunicação, como já ocorre no nosso site, inauguramos a coluna “A Palavra de Emmanuel”.

Nas páginas do caro Benfeitor, escritas pelo medianeiro da luz, recolheremos inolvidáveis lições, recebidas em Pedro Leopoldo e Uberaba, ao longo do século passado.

GEEM – Grupo Espírita Emmanuel
São Bernardo do Campo, abril de 2013

A Cadeira Vazia e a Saudade

Como de hábito, na cansativa rotina desses últimos tempos, em noite recente, acordei no meio da madrugada e o sono não voltava. Forte chuva estival fustigava as paredes do quarto, convidando-me a dormir, mas nada…

Pedi ajuda aos protetores, socorrendo-me da habitual lista de nomes, que utilizo nesses instantes e, em resposta, ouvi dentro da minha mente alguém falar com firmeza:

— Pare de se lastimar, aproveite a falta de sono e escreva algum texto para o editorial da revista Comunicação de abril próximo. Surpreso, passei a conversar com essa voz inaudível por mecanismos ignotos à nossa compreensão.

— Escrever o quê, indaguei, se em meus pensamentos esvoaçam sem cessar as persistentes preocupações do cotidiano?

— Escreva sobre Chico Xavier! Meditei muito antes de responder ao amigo, que de pronto identifiquei. Disse-lhe:

— Você nos deixou precocemente, ficando sua cadeira vazia, já que não me senti à altura para nela acomodar-me. Os problemas decorrentes de sua ausência foram solucionados ‘a duras penas’ por intuição ou pela participação direta do Chico, que me orientava a cada dúvida, a cada dificuldade.

Quando não estava preparado para captar a intuição, ou quando não consultava o Chico, as dificuldades se avolumavam. É bem verdade que a generosidade de valorosos companheiros e de nobres senhoras sempre me ajudou.

Sabe, pai, esta nossa inarticulada conversa me faz lembrar que, certa feita, em ensolarada manhã do ano de 1982, num desses momentos de solidão — que você muito bem conheceu e, que, muitas vezes, buscou superar, distraindo-se com uma pequena locomotiva, que colocava em sua mesa de trabalho — pedi ajuda ao Plano Espiritual, verberando os Benfeitores de plantão:

— Onde se encontram vocês que não me ouvem? Preciso resolver pendências que não consigo destrinçar. E prossegui lamentando-me com intermináveis súplicas, interrompidas pelo telefone… Para minha surpresa, uma ligação de Uberaba.

Atendo e ouço aquela voz suave e tranquilizadora que a todos fascinava:

— Como vai, Caio? Uma súbita vontade de falar com você me fez telefonar-lhe.

E suas palavras levaram-me a um pouso espiritual que não consigo descrever. Senti-me imerso em uma atmosfera de tanta paz que pude compreender o porquê de almas elevadas terem o condão de esmaecer, em segundos, as nossas dificuldades.

É a harmonia espiritual que nos transmitem.

Nessa meia hora em que Chico falou-me, inexplicável sensação de bem-estar me envolveu de tal modo que, enquanto o ouvia, povoava meus pensamentos a sublime e solitária luta de Lívia que, pela causa do Mestre, se imolou no Circo Máximo, padecendo dores e humilhações indizíveis.

Como que flutuando, inebriado, pensei no Sermão da Montanha e, nesse momento, veio-me à lembrança a dor de certa criança de cinco anos, amargurada pelas garfadas no abdome, tendo seu sofrimento apenas atenuado pela visita espiritual da mãe, à sombra das bananeiras do quintal da casa de sua madrinha.

Ao desligar o aparelho, lamentando não poder continuar ouvindo o Chico, fui à sacada próxima à minha sala de trabalho. Contemplei o terreno em que recentemente plantara pequeno bosque, no qual não faltava o carvalho vermelho, que pouco durou pelo clima hostil.

Observei o vento sul entoando a música da natureza ao balouçar as árvores, carreando tênue perfume, que me pareceu mais ter vindo da presença espiritual do Chico que emanado de alguma flor tocada pela brisa.

Então, o Rolandão, do lado espiritual, ante minhas divagações, falou-me sorridente:

— Resolvido, meu filho! Você acaba de escrever sobre Chico Xavier.

É fácil falar dele. As criaturas do Bem dispensam os eloquentes textos. Basta que delas nos recordemos, e sua presença nos envolve as palavras em tonalidades de luz.

E despediu-se.

O sono, antes difícil de conciliar, voltou logo. Despertei pela manhã com ânimo renovado.

Pena que o telefone não toca mais…

Caio Ramacciotti

A Palavra de Emmanuel

(O pensamento do mentor espiritual de Chico Xavier a respeito de temas da atualidade: conselhos e ponderações sobre as atribulações de nossos tempos.)

Dupla Renovação

“Época de transição”: esta é a legenda que repetis frequentemente para definir a atualidade terrestre, em que surpreendeis, a cada passo, larga fieira de ocorrências inusitadas.

Conflitos.

Desencarnações em massa.

Acidentes enlutando almas e lares.

Desvinculações violentas.

Dramas no instituto doméstico.

Processos obsessivos, culminando com perturbações e lágrimas.

Moléstias de etiologia obscura.

Incompreensões.

Forçoso observar, no entanto, que o Plano Físico e o Plano Espiritual, que se lhe segue, reagem constantemente um sobre o outro.

Criaturas desencarnadas atuam no ambiente dos companheiros encarnados e viceversa.

E, se vos reportais ao término do segundo milênio de civilização cristã, em que vos achais, com a expectativa e o entusiasmo de quem se vê à frente de uma era nova, as mesmas circunstâncias se verificam na Espiritualidade entre aqueles que aspiram a obter o retorno à Terra, expressando propósitos de autoburilamento em nível mais alto de evolução.

É por isto que legiões enormes de irmãos, domiciliados no Mais Além, vêm solicitando, desde algum tempo, reencarnações difíceis;

— testemunhos acerbos de aperfeiçoamento íntimo;

— tempo curto no veículo físico, de modo a complementarem tarefas inacabadas em diversos setores da experiência humana;

— presença ligeira, junto de seres queridos, a fim de chamá-los à consideração da Vida Superior;

— ou empreitadas de serviço moral para a liquidação de empreendimentos redentores, largados por eles no caminho do tempo.

Para isso, tentam aproveitar-se da última vigésima parte do segundo milênio, a que nos referimos*, para encerrarem o balanço das experiências menos felizes que lhes dizem respeito nos séculos últimos.

Perante a Vida Maior, quase tudo aquilo que vedes, presentemente, em matéria de agitação ou desequilíbrio, nada mais significa que a movimentação mais intensa de vastas coletividades que retornam à Esfera Física, em regime de urgência, no intuito de conseguirem retoques e meios com que possam abordar os tempos novos em condições mais dignas de trabalho e progresso.

Mantenhamo-nos prudentes, abstendonos de agravar dificuldades, evitemos a formação de problemas, orando e construindo, seja nos obstáculos que nos atinjam, seja nas inquietações que assaltem os outros.

Mas, sejam quais forem as circunstâncias, estejamos atentos à fé para servir e compreender, reconhecendo que todas as provas de hoje são recursos e instrumentos de que se vale a Providência Divina, a fim de conduzir-nosà Vida Melhor de amanhã.

Emmanuel

* Referência de Emmanuel à segunda metade do século passado.

(Do livro Diálogo dos Vivos, Francisco Cândido Xavier, J. Herculano Pires, Espíritos Diversos – Edição GEEM)

Nossas Atividades

1) A 2 de abril de 2013, o GEEM lançou mais um livro de Francisco Cândido Xavier. São 224 páginas, compostas por mensagens de Rolando Mário Ramacciotti, recebidas por Chico Xavier, e por sua biografia dinâmica, a lhe destacar as atividades doutrinárias, exercidas com extremo empenho, além de sua dedicação à numerosa família. Esperamos que neste livro o leitor conheça um pouco da vida do fundador do GEEM/Nosso Lar.

2) O site www.vinhadeluz.com.br, em notícia publicada a 21 de janeiro passado, oferece-nos mensagem de Clóvis Tavares, conceituado e saudoso espírita de Campos/RJ, psicografada por Francisco Cândido Xavier, em 9 de agosto de 1986, no Grupo Espírita da Prece, Uberaba/MG. Vale a pena a leitura dessa bela mensagem do fundador da Escola Jesus Cristo, enriquecida por esclarecimentos de seus familiares.

3) Santa Maria/RS foi a 27 de janeiro passado envolvida em dolorosa tragédia que comoveu o País. Perto de duas centenas e meia de pessoas — a maioria jovens universitários com sonhos e ideais acalentados no entusiasmo da juventude — sucumbiram, vítimas da fumaça tóxica de infeliz acidente.
Nossas preces a essas almas que voltaram ao Plano Espiritual e a seus queridos familiares. Que a Bondade Divina os envolva a todos, imersos em tanta dor, no Seu manto de Infinita Misericórdia, para que tenham paz e esperança.

Nossas Atividades

I – Departamento Editorial Batuíra

Divulgação da vida e obra de Francisco Cândido Xavier
– Livros e Revista Comunicação®
– Centro de Estudos Chico Xavier
– Divulgação Braille Casimiro Cunha

Reuniões Espíritas:
– Centro Espírita Maria João de Deus
São Bernardo do Campo (2ªs e 6ªs às 20h)

Programa No Limiar do Amanhã (sábados às 19 horas)
– Rádio Morada do Sol São Paulo-SP – (AM-1260 khz)
– Rádio Morada do Sol Araraquara-SP – (AM-640khz)

II – Departamento Filantrópico Nosso Lar

Atendimento a famílias e gestantes:

Internet: www.geem.org.br
E-mail: geem@geem.org.br
Telefones: (11) 4109-7960 e (11) 4109-7122

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Diretor: Caio Ramacciotti
Jornalista Responsável: Mário Augusto R. Vilela
Colaboração: Vivaldo da Cunha Borges – in memoriam

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