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Revista Comunicação #216 – Abril/Junho 2016

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A Palavra de Emmanuel

(O pensamento do mentor espiritual de Chico Xavier a respeito de temas da atualidade: conselhos e ponderações sobre as atribulações de nossos tempos.)

Saudando Allan Kardec

— Quando vier, porém, o Espírito da Verdade, ele vos guiará em toda a Verdade… Jesus — João, 16:13

Não ignorava Jesus que a Sua mensagem padeceria o assalto das trevas.
Sabia que, ao contato da poeira terrestre, converter-se-ia a fonte da sublime revelação em viciada corrente.

Não desconhecia que os homens se Lhe apropriariam do verbo santificante, para situá-lo a serviço de paixões subalternas.
Anteviu as multidões enganadas e sofredoras, para as quais não mais se multiplicaria o pão do amor puro, confundidas pela penúria e pela discórdia.

Ele que rogara: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei, pressentia as guerras de ódio que se desencadeariam na Terra, em nome do Evangelho Renovador.
E Ele, que ensinara: — Perdoai setenta vezes sete, adivinhava que os homens acenderiam fogueiras de perseguição, trucidando-se reciprocamente, acreditando exaltar-Lhe a memória.

Quase ao despedir-se dos companheiros simples e fervorosos, que o seguiriam mais tarde até à dilaceração e ao sacrifício, percebeu que os cérebros vigorosos das sombras viriam, nos passos do tempo, senhorear-lhe o rebanho de corações singelos, estabelecendo entre eles dolorosa escravidão espiritual.

Previu que o nevoeiro da perturbação humana Lhe abafaria transitoriamente a Sementeira Divina e que, um dia, em Seu nome, o forte oprimiria o fraco, e o fraco revoltar-se-ia contra o forte; que muitos dos melhores trabalhadores do mundo coroar-se-iam de vaidade à frente dos infelizes e que os infelizes, sem exemplo para a regeneração necessária, desmandar-se-iam na loucura e na delinquência.
Foi por isso que, em marcha inquietante para o supremo testemunho de lealdade a Deus, apiedou-se de quantos lhe estenderiam a Obra de Redenção e prometeu-lhes a vinda do Consolador – o Espírito da Verdade – que Lhe restabeleceria a esperança e aclararia a palavra.

Dezenove séculos caíram na cinza das horas, e, fiel ao compromisso assumido, enviou Jesus à Terra o Explicador Anunciado na Doutrina Espírita, cuja bandeira libertadora vem partindo as algemas da incompreensão e do fanatismo no campo da Humanidade.

Eis porque, diante do primeiro centenário de O Livro dos Espíritos, a chave sublime do Cristianismo Restaurado, reverenciamos Allan Kardec, o Apóstolo da Verdade e Mensageiro da Luz.

Emmanuel
Com a mensagem de Emmanuel, do livro Doutrina de Luz, F.C.Xavier/Emmanuel,
o GEEM saúda o aniversário de lançamento de O Livro dos Espíritos.
(18 de abril de 1857 – 18 de abril de 2016)

Natalício Sublime

Mais um “2 de abril” passa por nossas vidas. A mim, parece-me um dia especial, enigmático, dotado de suave aura espiritual e carregado de recordações de um tempo que a rude borracha da vida buscou apagar, mas que permanece vivo em meus pensamentos.

Aprendi com o próprio Chico a meditar sobre outros “2 de abril” de épocas anteriores, precisamente do período medieval português.

Ensinou-me ele que Inês de Castro voltou a Portugal depois do exílio em Castela, a atual Espanha, em um “2 de abril”, para viver poucos dias de felicidade e os infinitos momentos de dor, acolhida, no clímax de seus padecimentos, por Isabel de Aragão, na manhã de 7 de janeiro de 1355, em Coimbra.

Chico descreveu com exuberância de detalhes a mais eloquente solenidade medieval da península ibérica, em que ocorreu o traslado do corpo de Inês de Castro da capela do Convento de Santa Clara, em Coimbra, para Alcobaça. O grandioso evento justamente deu-se em um “2 de abril”, segundo o escritor português Montalvão Machado.

Hoje, 2 de abril de 2016, buscaremos homenagear Chico com um presente de aniversário que certamente o deixará feliz.

O GEEM lança no Centro Espírita Maria João de Deus o livro do Dr. Oswaldo de Castro, Notáveis Casos de Chico Xavier, com a presença do autor, amigo, por mais de quatro décadas de convívio, do nosso querido médium.

Ao leitor de Comunicação reservamos, nesta edição, um capítulo do livro a ser lançado, que nos evidencia a sublimidade dalma do Chico. O texto comovente se refere
à querida professora do curso primário, de quem nunca se esqueceu ao longo de sua centenária vida.

Consagrado médico, professor universitário, Oswaldo ressalta, nas páginas que escreveu, a extrema bondade dessa criatura.

Mostra-nos o quanto é ligado a Jesus o nosso apóstolo do século XX, que se destacou pelo seu sorriso, pela alegria de viver, por sua generosidade.

Com o sempre presente terno cinza claro, de brim surrado, o largo paletó de quatro botões e seus bolsos repletos de papéis, contendo pedidos e anotações, abraçava a
todos, sem qualquer distinção, fosse a mãe em sofrimento, o mendigo da estrada ou um amigo querido.

Em minhas idas a Uberaba, conversávamos horas e horas no pequeno jardim de sua casa, sob o Céu límpido, pontilhado de luzes, que cobria a cidade mineira. Nossos
convidados eram os grilos, um que outro pirilampo e os galos, que anunciavam o alvorecer. Falava de Jesus, da vida, da precisão de amarmos nosso próximo, enquanto descrevia as belezas da abóboda celeste coalhada de infinitos astros luminosos. Foram noites inesquecíveis.

Caro leitor, se você conheceu o Chico, irá, sem dificuldade, revê-lo no caso relatado no capítulo seguinte, em que se sobressai seu gesto magnânimo de gratidão e saudade. Caso não o tenha conhecido pessoalmente, será fácil, com os depoimentos do autor, sentir-lhe a presença, qual se estivesse a seu lado.

Por ter com ele convivido e saber de sua generosidade, ouso pedir-lhe:

— Chico, rogo-lhe que estejamos juntos novamente, quem sabe em algum jardim edificado por Isabel de Aragão nas paragens em que você atualmente vive.

Caso não seja possível realizar-se este desejo, imagino que poderei revê-lo no jardim da sua casa em Uberaba, e então conversaremos bem próximos da gardênia dos velhos tempos. Prometo-lhe, Chico, que levarei o nosso toca-fitas, apesar de enferrujado, para cantarolarmos alguns fados imortalizados pelo cancioneiro lusitano:

Coimbra do choupal,
Ainda és capital
Do amor em Portugal, ainda.
Coimbra onde uma vez
Com lágrimas se fez
A história dessa Inês tão linda…

Caio Ramacciotti
GEEM Grupo Espírita Emmanuel
São Bernardo do Campo, 2 de abril de 2016.

Chico e sua professora

Certa vez, com minha esposa Terezinha, ao entrarmos na casa do Chico, encontramo-lo chorando junto à mesa.
Perguntei-lhe o porquê das lágrimas.
Ao que respondeu:
— Choro de emoção. Hoje é o dia do aniversário da minha professora. Em gratidão a essa nobre senhora, como eu não tinha dinheiro para comprar um presente para ela, sempre lhe dava uma rosa.
Ainda hoje, todos os anos, em seu aniversário, faço uma prece e coloco uma rosa sobre a mesa, em sua memória. Há pouco fui lá fora, colhi esta rosa, e, quando fazia a prece, ela, emocionada, apareceu-me, sentou-se nesta cadeira (apontou-a com o olhar) e falou-me ternamente:
— Chico, só depois de desencarnada eu soube que você nunca se esqueceu de mim. Você se lembra, na escola, quando nós cantávamos:
— Salve lindo pendão da esperança, salve símbolo augusto da paz?
E despediu-se, retornando à Pátria Espiritual.
Envolto ainda em tão cara presença, Chico concluiu:
— Nessa hora a gente se porta como criança… E depositei a rosa na cadeira onde ela se sentara.

GEEM

Do livro Notáveis Casos de Chico Xavier de Oswaldo de Castro. (Desenho de Alceu Arasaki)

Há Dois Mil Anos e o Prêmio Nobel

Há escritores na América Latina que conquistaram o Nobel de Literatura, caso de Vargas Llosa, autor do excelente trabalho A Guerra do Fim do Mundo.

Contudo, não podemos deixar de mencionar um grande injustiçado: Chico Xavier.

Indicado ao Nobel da Paz, não recebeu a comenda. Sua humildade e perene pregação apostolar sucumbiram a outros conceitos, sobre os quais não nos cabe ponderar neste texto. Razões idênticas o afastaram do Nobel de Literatura, ainda que não indicado formalmente.

Sugerimos ao leitor que releia Há Dois Mil Anos, editado pela FEB, romance de peregrina beleza em todos os sentidos: a fluidez da exuberante escrita de Emmanuel, a precisão histórica, a volúpia de leitura que nos invade já nas primeiras das quase quinhentas páginas, não sensibilizaram os descrentes juízes que se reúnem na Suécia e Noruega.

Estes poderiam até entender que a obra não fora psicografada, e sim de autoria do próprio Chico, concedendo-lhe a homenagem, ignorando o autor espiritual, como fez a legislação brasileira no julgamento do famoso “caso Humberto de Campos”, dos anos 40.

Também seria justo conceder-lhe a láurea do Nobel pelo conjunto dos romances, que recebeu de Emmanuel, todos da mesma dimensão literária de Há Dois Mil Anos. Para referendar nosso ponto de vista, vamos apresentar algumas passagens inesquecíveis do livro, escrito da primeira à última página em português castiço, rico e cativante:

A primeira nos remete ao momento em que Públio Lentulus, residindo em Cafarnaum, ao lado do Mar da Galileia, procura Jesus a pedido de Lívia para rogar socorro à filhinha Flávia, pois a inclemente hanseníase, incurável naqueles tempos, acometera-lhe a saúde.

Vejamos a sutil beleza do relato de Emmanuel quando Jesus lhe dirige a palavra:

— Senador, por que me procuras?
E espraiando o olhar profundo na paisagem, como se desejasse que a sua voz fosse ouvida por todos os homens do planeta, rematou com serena nobreza:
— Fora melhor que me procurasses publicamente e na hora mais clara do dia, para que pudesses adquirir, de uma só vez e para toda a vida, a lição sublime da fé e da humildade… Mas, eu não vim ao mundo para derrogar as leis supremas da natureza e venho ao encontro do teu coração desfalecido!…

(O texto é bem longo, e tive a alegria de ouvir o Chico repeti-lo de cor, inúmeras vezes.)

Após o encontro com o Mestre, observe, leitor, o estado de espírito de Públio Lentulus próximo ao lago de Genesaré:

Deviam ser vinte e uma horas, quando o senador sentiu que despertava. Leve aragem acariciava-lhe os cabelos, e a Lua entornava seus raios argênteos no espelho carinhoso e imenso das águas.

Vamos ao final do livro com a transcrição de pequena parte do longo relato da tragédia que sepultou Pompeia sob a lava do Vesúvio, no fim do primeiro século da era cristã:

— Mais um estremeção do solo e as colunas que ainda restavam de pé se abateram sobre os três (Públio, Flávia e Plínio), roubando-lhes as últimas energias e fazendo-os cair assim, enlaçados para sempre, sob um montão de escombros…
Naquelas sombras espessas, todavia, pairavam criaturas aladas e leves, em atitudes de prece, ou confortando ativamente o coração abatido dos míseros condenados à
destruição.
Sobre os três corpos soterrados permanecia a entidade radiosa de Lívia, junto de numerosos companheiros que cooperavam, com devotamento e precisão, nos serviços de desprendimento total dos moribundos.
Pousando as mãos luminosas e puras na fronte abatida do companheiro exausto e agonizante, Lívia elevou os olhos ao firmamento enegrecido e orou com a suavidade da sua fé e dos seus sentimentos diamantinos:
— Jesus, meigo e divino Mestre…

Emmanuel descreve a ascensão ao Plano Espiritual do velho senador, ao lado de Lívia e Ana:

E, enquanto seu coração maravilhado se lavava nas lágrimas da alegria e do reconhecimento a Jesus, toda a caravana, ao impulso poderoso das preces fervorosas daquelas duas almas redimidas, elevava-se a esferas mais altas, para repouso e aprendizado, antes de novas etapas de regeneração e trabalhos purificadores, a lembrar um grupo maravilhoso de luminosas falenas do Infinito!…

O que nos atenua o desgosto pelo não reconhecimento oficial da obra de Chico é o fato de o Nobel tratar-se de uma homenagem inspirada em conceitos transitórios da Terra. As epístolas de Paulo de Tarso também não foram acolhidas pelos doutores da lei e sacerdotes do Sinédrio.

Não nos esqueçamos das derradeiras palavras de Jesus, proferidas enquanto seu sangue se esvaía no Gólgota, sob o olhar triste e sofrido de Maria, referindo-se a nós os mortais:

— Perdoai-lhes, Pai, eles não sabem o que fazem!

Notícias

1) Hoje, 2 de abril de 2016, mais um livro enriquece o acervo do GEEM, voltado à divulgação da vida e obra do saudoso Chico: Notáveis Casos de Chico Xavier. Os primeiros 50 leitores da revista que nos enviarem e-mail, carta ou telefonarem para (11) 4109-7122 receberão em sua casa, gratuitamente, um exemplar desse simpático lançamento.

2) Na noite de 12 de fevereiro passado, O GEEM apresentou, no Centro de Estudos Chico Xavier, exposição de seu presidente sobre a Reencarnação, focando a pergunta 166 de O Livro dos Espíritos e o livro A Volta, de autoria dos pais do pequeno James, Bruce e Andrea Leininger, com impressionantes manifestações dessa criança a partir dos dois anos de idade. É impossível contestar as revelações pela espontaneidade e riqueza de informações de uma criança a respeito de sua vida pregressa, com a mente plenamente lúcida.

3) A novela “Além do Tempo” de Elizabeth Jhin, apresentada pela Rede Globo, teve insólita conclusão de seu último capítulo, em janeiro de 2016: as palavras finais de Chico Xavier, com sua voz inconfundível, oferecendo-nos bela mensagem. Foi comovente ouvi-lo nos últimos minutos da vitoriosa novela, que teve como pano de fundo a reencarnação.

Nossas Atividades

I – Departamento Editorial Batuíra

Divulgação da vida e obra de Francisco Cândido Xavier
– Livros e Revista Comunicação®
– Centro de Estudos Chico Xavier
– Divulgação Braille Casimiro Cunha

Reuniões Espíritas:
– Centro Espírita Maria João de Deus
São Bernardo do Campo (2ªs e 6ªs às 20h)

Programa No Limiar do Amanhã (sábados às 19 horas)
– Rádio Morada do Sol São Paulo-SP – (AM-1260 khz)
– Rádio Morada do Sol Araraquara-SP – (AM-640khz)

II – Departamento Filantrópico Nosso Lar

Atendimento a famílias e gestantes:

Internet: www.geem.org.br
E-mail: geem@geem.org.br
Telefones: (11) 4109-7960 e (11) 4109-7122

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Diretor: Caio Ramacciotti
Jornalista Responsável: Mário Augusto R. Vilela
Colaboração: Vivaldo da Cunha Borges – in memoriam

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