Revista Comunicação #231 – Outubro 2019 / Dezembro 2019

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Túmulo de Allan Kardec
Cemitério Père Lachaise-Paris
Gentileza de Ismael Gobbo

Nosso Codificador

Nesta edição, homenageamos Allan Kardec pelo aniversário de seu nascimento, a 3 de outubro de 1804, poucos meses após Napoleão Bonaparte consagrar-se imperador dos franceses e o seria por dez anos, até 1814.
O artigo que abaixo colocamos, com alguma simplificação, foi publicado há 150 anos, dias após seu falecimento, no Journal de Paris. Retiramo-lo de sua biografia, escrita por Henri Sausse e publicada no livro O que é o Espiritismo, edição FEB.
Todos os jornais da época se ocuparam da morte de Allan Kardec e procuraram medir-lhe as consequências. A esse respeito, escrevia o Sr. Pagès de Noyez no Journal de Paris, de 3 de abril de 1869:
— Aquele, que por tão longo tempo ocupou o mundo científico e religioso sob o pseudônimo de Allan Kardec, chamava-se Rivail e morreu na idade de 65 anos.
Vimo-lo deitado num simples colchão, no meio da sala das sessões a que há tantos anos ele presidia; vimo-lo com o semblante calmo como se extinguem aqueles a quem a morte não surpreende e que, tranquilos quanto ao resultado de uma vida honesta e laboriosamente preenchida, imprimem como que um reflexo da pureza de sua alma sobre o corpo que abandonaram.
Resignados pela fé em uma vida melhor e pela convicção da imortalidade da alma, inúmeros discípulos tinham vindo lançar um derradeiro olhar àqueles lábios descorados, que, ainda na véspera, lhes falavam a linguagem da Terra.
O presidente da Sociedade Espírita de Paris está morto; mas o número de adeptos cresce todos os dias, e os corajosos, os quais pelo respeito ao Mestre se deixavam ficar no segundo plano, não hesitarão em se evidenciarem, por bem da grande causa.

Sepultado por um ano no cemitério de Montmartre, em 31 de março de 1970, seu corpo foi transferido para o Père Lachaise, em túmulo de inspiração celta.
Sobre Kardec, assim se manifestou seu biógrafo Henri Sausse:
— Este é o homem que deu ao Espiritismo seu belíssimo lema: “Fora da caridade não há salvação!”.
Nós, que vivemos no maior país espírita do mundo, podemos aquilatar a grandeza de alma do Mestre de Lyon, cujos ensinos sensibilizaram figuras da dimensão de Batuíra, Bezerra e outros mensageiros de Jesus que reencarnaram em solo brasileiro, sendo o mais eloquente deles Chico Xavier, entre nós no século passado e no início deste novo milênio.
A feição intelectual de Kardec, evidenciada em sua obra, destaca-se em seus livros que definiram e exemplificaram a nossa doutrina. Mas, seu coração bondoso foi especialmente lembrado por um humilde cidadão de Paris, que, ao buscar o suicídio nas águas do Rio Sena, pretendendo atirar-se da Ponte Marie, encontrou um exemplar de O Livro dos Espíritos e desistiu de seu triste intento.
Traz-nos o livro O Espírito da Verdade, também edição FEB, uma mensagem de Hilário Silva que expõe com clareza o fato ocorrido, exaltando a alma generosa do mestre de Lyon.
Em uma fria manhã do ano de 1860, encontra-se Kardec abatido pelo desânimo.
A querida esposa Amélie Boudet, Gabi, entra em seu gabinete de trabalho e lhe entrega um pacote recém-chegado. Kardec abre-o e depara-se com um exemplar de O Livro dos Espíritos, a primeira obra da codificação, que editara em 1857. Nele se acham escritas no frontispício duas observações assinadas por quase-suicidas, que foram, em dias diversos, à ponte Marie para afogar-se nas águas do Rio Sena.
Na primeira, estava escrito:
“Esta obra salvou-me a vida. Leia-a com atenção e tenha bom proveito. – A. Laurent.”
E na segunda:
“Salvou-me também. Deus abençoe as almas que cooperaram em sua publicação. –Joseph Perrier.”
Ao ler esses depoimentos candentes, o obreiro da Grande Revelação, emocionado, respirou a longos haustos. Antes de retomar a caneta para o serviço costumeiro, levou o lenço aos olhos, limpou uma lágrima… e voltou a trabalhar.
Foi essa alma simples que nos entregou a Terceira Revelação prometida por Jesus aos discípulos, quando deles se despedia na última ceia em Jerusalém, na casa do amigo irrevelado, na noite anterior à sua crucificação.
Vale lembrar que Léon Denis em O Gênio Celta e o Mundo Invisível, obra editada em 1927, apresenta mensagens mediúnicas de Kardec, recebidas em 1926.

A Palavra de Emmanuel

(O pensamento do mentor espiritual de Chico Xavier a respeito de temas da atualidade: conselhos e ponderações sobre as atribulações de nossos tempos)

 

Reverenciando Kardec

Antes de Kardec, embora não nos faltasse a crença em Jesus, vivíamos na Terra atribulados por flagelos da mente, quais os que expomos:
o combate recíproco e incessante entre os discípulos do Evangelho;
o cárcere das interpretações literais;
o espírito de seita;
a intransigência delituosa;
a obsessão sem remédio;
o anátema nas áreas da Filosofia e da Ciência;
o cativeiro aos rituais;
a dependência quase absoluta dos templos de pedra para as tarefas da edificação íntima;
a preocupação de hegemonia religiosa;
a tirania do medo, ante as sombrias perspectivas do além-túmulo;
o pavor da morte, por suposto fim da vida.

Depois de Kardec, porém, com a fé raciocinada nos ensinamentos de Jesus, o mundo encontra no Espiritismo Evangélico benefícios incalculáveis, como sejam:
a libertação das consciências;
a luz para o caminho espiritual;
a dignificação do serviço ao próximo;
o discernimento;
o livre acesso ao estudo da lei de causa e efeito, com a reencarnação explicando as origens do sofrimento e as desigualdades sociais;
o esclarecimento da mediunidade e a cura dos processos obsessivos;
a certeza da vida após a morte;
o intercâmbio com os entes queridos domiciliados no Além;
a seara da esperança;
o clima da verdadeira compreensão humana;
o lar da fraternidade entre todas as criaturas;
a escola do Conhecimento Superior, desvendando as trilhas da evolução e a multiplicidade das “moradas” nos domínios do Universo.

Jesus — o amor.
Kardec — o raciocínio.
Jesus — o Mestre.
Kardec — o Apóstolo.
Seguir o Cristo de Deus, com a luz que Allan Kardec acende em nossos corações, é a norma renovadora que nos fará alcançar a sublimação do próprio Espírito, em louvor da Vida Maior.

Doutrina de Luz
Francisco Cândido Xavier/Espíritos Diversos
Edição GEEM

O Natal Pagão e o Natal de Jesus

 

Pode parecer estranho, mas os pagãos também comemoravam o Natal, inspirando-se, é claro, nos princípios de adoração aos deuses da natureza. O cultivo da terra sempre foi essencial aos povos, desde o início das civilizações históricas com os sumérios da Mesopotâmia, cerca de quatro mil anos antes do Cristo.
A invasão de Roma pelos bárbaros germânicos, nos primeiros séculos da era cristã, levou à estruturação do feudalismo, com a ligação entre os patrícios derrotados e o clero. Mário Domingues, notável escritor português, sintetiza com clareza a consequência do elo entre o clero e os nobres: “A nobreza fez-se cristã, e a Igreja tornou-se feudal”.
Houve dessa união um aproveitamento mais organizado da terra, cabendo aos camponeses, que aos poucos migravam para o cristianismo, o cultivo da terra. Essa gente humilde que se dedicava ao amanho do solo, trabalhando sem cessar de sol a sol, ansiosa pelas colheitas da primavera, trazia muito forte o sentimento pagão.
E esse sentimento os levava a cultos ligados à mãe natureza, daí surgindo a adoração das ‘árvores de maio’, e também ao respeito religioso que os druidas da Bretanha francesa dedicavam à árvore.
O culto pagão à natureza e a seus deuses era muito evidente, sobretudo no solstício de inverno, presente em torno do dia 25 de dezembro, com as noites longas e frias e os dias curtos e gélidos, já distantes das colheitas outonais.
Vamos lembrar que, na mitologia greco-romana, havia um lugar para a deusa da agricultura, e os persas politeístas, também séculos antes de Cristo, homenageavam o Sol Vitorioso. Sem a luz solar e as chuvas, o cultivo da terra não era possível.
Em síntese, os deuses pagãos eram homenageados no dia 25 de dezembro e nos dias que lhe eram próximos, em agradecimento ao ano de boas colheitas e em súplica pelas colheitas do ano seguinte.
Era o Natal dos pagãos…
O cristianismo sabiamente incorporou esse período sagrado aos pagãos, criando o Natal de Jesus, escolhendo o dia 25 de dezembro para o seu nascimento, cuja data, na realidade, permanece incógnita: janeiro, abril, agosto, dezembro?
É possível que Jesus tenha nascido na primavera, no período do censo demográfico determinado por Augusto, quando José levou Maria grávida a Belém em longa viagem, sujeita aos solavancos provocados pela caminhada do dócil jumento.
Mas, efetivamente, a conjunção do solstício de inverno do Natal cristão com as comemorações pagãs engrandece a data pelo seu sentido mais amplo: — nós agradecemos a vida a Jesus, e os bravos camponeses de outros tempos agradeciam a lavoura fértil aos deuses da natureza.
E o nosso Natal? É o das mesas fartas, das comemorações, do júbilo familiar? Em parte sim, afora os excessos evidentes, desafortunadamente cediços.
Mas, há outros Natais, qual o ‘das crianças que dormem na dura calçada, sob o teto opulento de nossas marquises’, como diz conhecida música popular de décadas passadas, e também os Natais de enfermos, cuja esperança fenece em hospitais. E ainda o Natal de criaturas que sonham em ganhar de presente a solução, em verdade quase impossível, dos problemas que enfrentam.
Você, leitor, poderia perguntar:
— Como eram os Natais de Chico Xavier, quando entre nós?
Chico passou-os visitando enfermos, abraçando as anônimas pessoas cujo corpo fora queimado pelo fogo selvagem, beijando as chagas de hansenianos em fase terminal da vida terrena e entregando a crianças paupérrimas o humilde brinquedo que as fazia sonhar com um novo mundo.
Certa feita, visitando-o entre o Natal e o Ano Novo, perguntei-lhe como eram os seus Natais desde a infância. A resposta foi eloquente e deixou-me meio sem jeito:
— Presentes? Quem me dera, caro amigo… Meu pai buscava recursos vendendo bilhetes de loteria, e minha mãe dividia o trabalho no lar com os encargos de tecelona em uma fábrica de tecidos.
Não me esqueço de que minha mãezinha reunia a família numerosa, e orávamos todos a Deus, agradecendo a alegria de juntos vivermos, na paz do Senhor. Não constituí família nesta existência, não me sendo possível assim presentear os filhos que não tive.
Aprendi a fazer no Natal uma oração de profundo agradecimento pela superação das dores físicas que sempre me acompanharam, e por dar um pouco de alegria àqueles cujo Natal somente é diferente dos seus habituais dias sombrios devido às visitas fraternas que recebem.
Guardo no coração uma profunda paz, que aprendi a ter com o espírito de Francisco de Assis, que sempre me acompanhava nas visitas aos deserdados leprosos, na época natalina. Ao contato com essas honradas criaturas, dizia-me ele:
— Chico, dê um carinhoso beijo em cada um desses nossos irmãos, envolvidos no sofrimento que rogaram ao Senhor para a redenção de seu passado distante. Em vidas passadas, quando poderosos, semearam conflitos violentos que apenas a dor da reparação pôde cicatrizar…

Emocionados pelas palavras do Chico, nós do GEEM lhe desejamos, amigo leitor, um Natal de paz e harmonia.
E, bem menos evoluídos que ele, ansiamos por um Natal de alegrias familiares e, quanto possível, com alguma visita aos menos felizes que conhecem apenas outros Natais…

Caio Ramacciotti

Alegria

Alegria é o cântico das horas com que Deus te afaga a passagem no mundo.
Em toda parte, desabrocham flores por sorrisos da natureza, e o vento penteia a cabeleira do campo com música de ninar.
A água da fonte é carinho liquefeito no coração da terra, e o próprio grão de areia, inundado de sol, é mensagem de alegria a falar-te do chão.
Não permitas, assim, que a tua dificuldade se faça tristeza entorpecente nos outros.
Ainda mesmo que tudo pareça conspirar contra a felicidade que esperas, ergue os olhos para a face risonha da vida, que te rodeia e alimenta a alegria por onde passes.
Abençoa e auxilia sempre, mesmo por entre lágrimas.
A rosa oferece perfume sobre a garra do espinho, e a alvorada aguarda, generosa, que a noite cesse para renovar-se diariamente, em festa de amor e luz.

Meimei
Ideal Espírita – Francisco Cândido Xavier/Meimei
Edição CEC

Essa bela mensagem recebida por Chico Xavier mostra-nos a importância da alegria em nossas vidas, especialmente nos dias difíceis por que passamos em fase turbulenta do planeta.
Obrigado, Meimei e Chico, pelas palavras de alento, suave cântico dos Céus a nos orientar a caminhada terrena.

Notícias

1) Kardec homenageado no Senado Federal.
Os 150 anos da morte de Allan Kardec, fundador do espiritismo, foram lembrados em sessão especial do Senado no dia 13 de maio do corrente ano, sendo o autor do requerimento o senador cearense Eduardo Girão. Vale mencionar tal reverência neste mês de outubro, aniversário de seu nascimento.

2) Inteligência artificial pôs à prova psicografia de Chico Xavier (Por Ana Carolina Leonardi. Super-Interessante de 26/04/2018): Redes neurais artificiais analisaram obras do médium, morto há exatos 15 anos. E concluíram: fé à parte, Chico era um fenômeno mesmo!
Na mesma edição é colocada a seguinte citação de Monteiro Lobato sobre o Parnaso D’Além Túmulo, lançado em 1932: Se Chico Xavier produziu tudo aquilo por conta própria, então ele merece ocupar quantas cadeiras quiser na Academia Brasileira de Letras.

3) Fatos pouco conhecidos da vida de Chico Xavier! (Ismael Gomes Braga, 02 de julho de 2019).
Você sabia que Chico Xavier ganhou uma grande área de terras em Goiás e a doou? Você sabia que o filho do famoso escritor Humberto de Campos se desculpou pessoalmente com Chico sobre o episódio do processo judicial movido pela sua família, que requereu direitos autorais dos livros psicografados pelo espírito do pai? (Visão Espírita TV, Jacareí-SP).

4) Número atualizado por estado de grupos espíritas nos Estados Unidos da América (pesquisa Google em julho/2019): Flórida: 17, Arizona: 01, Califórnia: 03, Geórgia: 03, Massachussetts: 01, Nova York: 03, Virgínia: 01. Total: 29. No Brasil, há 14.000 centros espíritas, cadastrados na Federação Espírita Brasileira e um número considerável de outros não cadastrados. Somos efetivamente o maior país espírita do mundo.

5) Realizado em Campo Grande (MS) o 3º Congresso Jurídico-Espírita Brasileiro, nos dias 13 e 14 de setembro. Tema abordado: Amor, a base das famílias do século 21.
Informações: www.ajebrasil.org.br (Fonte: FEB)

6) PROMOÇÃO!!! (de 15/10 a 10/12): o leitor da revista Comunicação e o ouvinte do programa No Limiar do Amanhã que solicitarem receberão grátis a mini-coleção do GEEM com os 10 livros mais vendidos: Calma, Chico Xavier Pede Licença, Mais Luz, Bênção de Paz, Jovens no Além, Vida no Além, Natal da Sabina, Bezerra, Chico e Você, Mensagens de Inês de Castro e Ignez e Pedro. Contatos:
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