Revista Comunicação #238 – Julho 2021 / Setembro 2021

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Maria João de Deus, Alma de Luz – Rolando Ramacciotti – Edição 238

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A Palavra de Emmanuel

(O pensamento do mentor espiritual de Chico Xavier a respeito de temas da atualidade: conselhos e ponderações sobre as atribulações de nossos tempos)

Na Trilha do Mestre

Partindo Jesus dali, viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria, e disse-lhe: — Segue-me!
Ele se levantou e o seguiu. (Mateus, 9:9)

É importante verificar que o Mestre não estabelece condições para que o discípulo lhe compartilhe a jornada.

Não pergunta se ele se julga dotado com a força conveniente…

Se é fraco de espírito…

Se é demasiado imperfeito…

Se sofre em família…

Se possui débitos a solver…

Se padece tentações…

Se está acusado de alguma falta…

Se retém valores de educação…

Se é rico ou pobre de possibilidades materiais…

O Senhor diz apenas “segue-me”, como quem afirma que, se o aprendiz se dispõe realmente a segui-lo, será suprido de socorros eficientes em todas as suas necessidades.
A lição é clara e expressiva. Reflitamos nela, para que não venhamos a permanecer na sombra da indecisão.

Emmanuel

Bênção de Paz
Francisco Cândido Xavier/Emmanuel
(Edição GEEM)

Maria João de Deus – Alma de Luz

 

Em 1977, Francisco Cândido Xavier esteve em São Bernardo do Campo para inaugurar o nosso Centro Espírita Maria João de Deus, orgulho de todos nós que formamos a família GEEM. Foram momentos de saudosa convivência. Sabemos de sua afeição pela mãe querida, com quem conviveu até os cinco anos. Essa bondosa senhora recebeu-o na Vida Maior, em 2002.

Maria de São João de Deus partiu rumo à Pátria Espiritual, em Pedro Leopoldo, nas Minas Gerais, aos 34 anos. Teve nove filhos com o esposo João Cândido Xavier!

Mãe carinhosa, mesmo com suas árduas tarefas para ajudar o marido no sustento do lar, deu aos filhos educação primorosa. Ao sentir que, decorrente da enfermidade que a acometera, estava prestes a desencarnar, pediu a amigas vizinhas que cuidassem dos filhos menores, até que o marido reorganizasse a vida familiar. A Chico coube a atenção da madrinha Rita de Cássia.

Surpreendia-a no filho a nobreza de coração e o acentuado brilho intelectual. Pareciam, dialogando, dois adultos de elevada evolução…

Já na Vida Maior, relata também seu reencontro com a mãe, D. Francelina, e com seu mentor, que não identifica, talvez João de Deus, o santo português de quem foi discípula em outras existências.

Possivelmente acompanhada por ele, empreende viagens pela Via Láctea, recamada de estrelas, visitando outros planetas do Sistema Solar e descrevendo-nos a presença de vida humana em Marte, Saturno e Júpiter, mundos mais evoluídos que a Terra.

Em Pedro Leopoldo, visitava espiritualmente a numerosa família e não ocultava as lágrimas que lhe exornavam o belo rosto, revendo seus amados filhos e constatando o denodado esforço que todos faziam para a conquista do pão de cada dia, para completar os parcos rendimentos do pai.

Na Terra e na Vida Maior, sempre dedicou especial atenção a Chico Xavier, ensinando-lhe a importância do amor e do perdão, desde quando aquele menino de cinco anos, tão simples e afável, mostrou-lhe no abdome feridas a garfadas feitas pela madrinha; muitas já cicatrizadas e algumas ainda vertendo o sangue da descabida violência. Pediu-lhe paciência, pois enviaria uma outra mãezinha para cuidar dos filhos.

Incentivou Chico a desenvolver seus dotes mediúnicos exuberantes a serviço de Jesus.

Teria transmitido ao filho, em 1927, a primeira mensagem psicografada. E fez mais… Ditou-lhe cartas tratando de sua vida espiritual, que, reunidas, formaram o segundo livro de Francisco Cândido Xavier, publicado em 1934, Cartas de uma Morta.

Já o primeiro livro, Parnaso de Além Túmulo, lançado em 1932, surpreendeu as atenções de renomados intelectuais, ante a autenticidade dos poemas de inúmeros escritores do Brasil e de Portugal, entre eles, Castro Alves, Antero de Quental, Olavo Bilac…

As reencarnações de Maria de João de Deus, ao longo dos séculos, foram de sublime renúncia, voltadas às tarefas religiosas, qual a que ocorreu em Coimbra, Portugal, quando, no século XIV, foi Maria, a irmã clarissa do Mosteiro de Santa Clara.

Desde o pátio do Paço da Rainha, em que Inês de Castro foi brutalmente decapitada, no ano de 1355, até o convento próximo, onde seu corpo foi velado, Maria reconheceu a presença espiritual de Isabel de Aragão, que abrigava, em seu colo, o espírito de Inês de Castro, que, aturdida, sem compreender o momento trágico por que passava, rogava à rainha que queria ver o marido e os filhos.

Isabel de Aragão, permaneceu junto a Inês desde a chegada dos enviados do rei e do carrasco que a degolara, esparramando seu sangue por todo o pátio do Paço, sob o olhar assustado de seus filhos, pequeninos ainda, até levá-la à morada espiritual.

Seis anos depois, em 1361, a pedido de D. Pedro I, foi Maria quem preparou o corpo de Inês, retirado ao sepulcro na igreja do convento de Santa Clara, adereçando-o com rosas brancas, para ser levado a Alcobaça e colocado no transepto da igreja do convento da Ordem dos monges de Cister.

Antes houve a cerimônia do ‘beija-mão’, com a presença do rei, dos filhos, da nobreza, do clero e do povo, que acompanharam todo o trajeto de mais de cem quilômetros, que separa Alcobaça de Coimbra.

Maria de João de Deus e Chico Xavier, almas de peregrina luz, estão hoje juntos na Vida Maior, ensinando-nos as palavras do Mestre:

– Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei!…
Caio Ramacciotti

Coisas do meu pai Rolando

Sua morte foi como a vida: sem temor, plena de fé, enfrentada corajosamente e pautada por quem sabe morrer. Deixou-nos numa quinta-feira, em torno das duas da tarde, a 13 de dezembro de 1979.

Na quinta-feira anterior, ao fim da tarde, estive para vê-lo no Geem/Nosso lar, encontrando-o deitado num sofá, com incômoda dor de cabeça.

Levantou-se, dizendo que aquela dor de cabeça lhe atrapalhava o trabalho, que, naquele momento, consistia na emissão de recibos referentes aos donativos da Campanha de Natal, que meu pai a cada ano promovia para o sustento das cinquenta crianças do orfanato. Quando o vi, fitando no fundo de seus olhos, um calafrio de morte correu pelas fibras de meu corpo.

Voltando ao lar, minha esposa Terezinha, disse-me que iríamos a um casamento no sábado da semana seguinte. Respondi-lhe, muito abalado, que não iríamos ao casamento, e sim a um velório. Inquiriu-me, então, apreensiva:
– Velório de quem?
Respondi: – Do seu sogro!
Olhou-me assustada sem nada dizer.

No domingo meu pai não estava bem. Na segunda-feira, Caio, meu irmão médico, pediu ajuda a um pneumologista, que passou a acompanhá-lo até os seus últimos momentos.

Na terça-feira à noite, com a presença do nosso querido Chico, ouvi meu pai narrar-lhe a história de sua vida, numa prestação de contas que incluía os recursos com que construiu o edifício sede das Instituições: o GEEM – Grupo Espírita Emmanuel e o NOSSO LAR – Instituição Filantrópica de Amparo à Criança.

No dia seguinte, melhorou, e pude dormir em casa; ficando com ele o Caio e a nossa mãe. Voltei logo cedo na quinta-feira, levando um longo tubo de plástico para que pudesse ir ao banheiro sem desligar o oxigênio. Todos os seus filhos, netos e noras estavam a seu lado, a exceção do Virgílio, que se encontrava em Nova Iorque e só chegou para o sepultamento.

Durante esses dias que antecederam sua morte, ele dizia para mim que não deixasse que o internassem, porque de nada adiantaria. Fez-me prometer que impediria qualquer iniciativa nesse sentido. Relatou-me, também, que, no seu quarto, havia vários espíritos que o visitavam, pessoas amigas já desencarnadas.

Finalmente, entre outras coisas, pediu-me que o avisasse quando os dedos dos pés e das mãos começassem a ficar azulados, pois desejava partir sem assustar os entes queridos. Assim o fiz.

Logo em seguida, ressurgindo de certa estagnação, antes mesmo que eu chamasse o Caio, que estava com os médicos noutro cômodo da casa, clamou em voz alta: – Alda! Alda!

Fui até a cozinha e trouxe minha mãe ao quarto.

Vendo-a, meu pai, a quem eu chamava, sempre que lhe escrevia, GRANDE PAPAI, PAPAI GRANDE, quase que derrubando a parafernália de equipamentos ligados em suas veias, segurou as mãos da sua Alda, a “Mãe do Século”, entrelaçou-as em suas mãos enormes e parou de respirar.

Chegaram os médicos para reanimá-lo, mas, infelizmente, seu coração havia parado de bater…

Seu velório foi realizado no GEEM/Nosso Lar.

Amigos se manifestaram em tocante homenagem póstuma: o Dr. Cineas Feijó Valente recordou os longos anos de convivência; Freitas Nobre disse solenemente: — Nosso querido Irmão Rolando foi o grande amigo de Chico Xavier.
Outro orador foi um pedinte maltrapilho, roto e imundo, que chegou perto do caixão, pequeno para o corpanzil de meu pai, acomodando-o mal. Fez bela e singela declaração:
— Ah! Véio, então é verdade? Você não pode morrer… quem agora vai me dar o cobertor quando chegar o frio, e as roupas de frio? Quem vai me dar o dinheiro para a bebida e a comida? Quem, Véio? Ah! Véio, por que você foi morrer? Quem vai me ajudar agora?

Uma comoção enorme dominou o recinto.
Lágrimas corriam nos rostos dos presentes, e correm de meus olhos ainda, até hoje, quando esse quadro vem-me à memória, cena que inequivocadamente demonstrou quem era Rolando: um verdadeiro Cristão, Espírita, Kardecista e Amigo de Chico Xavier. Esses momentos, em que velávamos seu corpo, após o desenlace redentor do meu pai, dão pálida ideia de sua Grandeza.
Escrevi naqueles dias um soneto, que coloco ao final destas palavras, em gratidão a meu pai que meses antes deu-me de presente um livro de poesias, Grandes Poetas Românticos do Brasil, com dedicatória que guardo no âmago de minhalma:
— Ao Plínio, poeta de sempre! Papai.
Esse é o meu Papai Grande; Grande Papai!

O GIGANTE E A MORTE

Ronda a morte o gigante altivo.
Luta terrível se inicia então.
Fixa-se ele na vida pelo mês festivo,
Mas tudo, tudo parece em vão.

Falta-lhe o ar a alimentar-lhe o peito,
Dói-lhe na alma a despedida atroz.
Sente o desfecho: o quadro é perfeito.
Olhares a olhar em seu olhar, em prantos após.

Mulher e filhos a rodear-lhe o leito.
Médicos lutam, todos juntos, todos sós.
E, num último adeus, um adeus sem jeito,

Chama a amada, entrelaça-lhe a mão.
A respiração para, para depois o coração.
Voa a alma. Inerte o corpo. Não vive mais não!

Plinius Vinicius

Meu Encontro com Chico Xavier

Após o triste dezembro de 1979, mergulhei de corpo e alma nas Instituições, o Nosso Lar e o GEEM. Um mês após o falecimento de meu pai, fui visitar o Chico. Sentia-me envolvido em uma aura espessa de desolação que jamais conhecera.
Apreensivo ante o futuro, confesso que me via como que caminhando em sáfaro deserto, sentindo que um pedaço de mim havia sido arrancado.
Quando nos vimos, Chico abraçou-me e disse:
— Caio, dói tanto a falta de nosso Lando…
Segurou-me as mãos, e dele ouvi, sem que ambos conseguíssemos sopitar as lágrimas, as mais belas palavras de gratidão ao velho companheiro que nos deixara. Recordamos as horas tristes do dezembro anterior. Contou-me ele que, no encontro com Rolando, naquela noite de terça-feira, dois dias antes de seu desenlace, o Dr. Bezerra pedira-lhe para ouvi-lo atentamente, pois o querido amigo abriria seu coração com sofridas palavras, convicto de que chegara a hora do doloroso adeus…

Estigmas de Chico Xavier

Josyan Courté nos revela que viu os estigmas que surgiam nos pés e na cabeça de Chico Xavier1:
Por causa ainda não bem explicada, alguns cristãos do passado receberam no próprio corpo todos ou alguns sinais da crucificação do Cristo. Por exemplo: Francisco de Assis recebeu todos os estigmas; Rita de Cássia, um único, o dos espinhos que lhe marcaram a testa; e assim por diante com outros mais.

Na verdade, a coroa de espinhos da flagelação de Jesus era qual um capacete que lhe cobria toda a cabeça até a nuca, produzindo uma grande quantidade de perfurações.

Com Chico ocorreu que a coroa de espinhos lhe marcou a cabeça por inteiro.
Esse fenômeno, que tem implicações com a mediunidade de incorporação, obrigou-o a usar boinas, gorros e, depois, perucas.

Chico procurou de todas as formas ocultar os sinais, que somente puderam ser observados na velhice, quando não mais podia locomover-se livremente. E foram, enfim, vistos pelas caridosas irmãs que lhe banhavam o corpo alquebrado pela idade avançada.

Foi logo após o aparecimento dos estigmas que ele descreveu o retrato falado de Maria de Nazaré a um artista, cuja belíssima oleografia, em suas cópias, foi fartamente distribuída no meio espírita. Quando Chico se referia a Jesus, seus olhos enchiam-se de lágrimas, e sua voz se embargava por forte emoção. Após a estigmatização, Chico passou a exsudar penetrante aroma de rosas até o fim de seus dias.

A presença de Chico, no século XX, marca, para a humanidade, o início da Era do Espírito, que alterará, para melhor e por completo, a vida no planeta, no decorrer do terceiro milênio.

As futuras gerações constatarão facilmente a afirmação acima, cujas clarinadas já começam a soar fortemente para quem tem ouvidos de ouvir.

1) Chico Xavier – O MAIS IMPORTANTE BRASILEIRO DA HISTÓRIA.
Edição GEEM

NOTÍCIAS

1- Espiritismo em Portugal. O Centro de Cultura Espírita (CCE) de Caldas da Rainha realizou dia 7 de maio, sexta-feira, às 21h, estudos sobre Reencarnação. O CCE retomou todas as atividades presencialmente no dia 23 de abril, dentro dos protocolos em vigor para a COVID 19.

2- Eurípedes Barsanulfo, o iluminado espírito de Sacramento-MG, atuou intensamente na difusão e vivência dos valores redentores de nossa Doutrina, até seu retorno à Vida Maior, aos 38 anos. Foi homenageado pela Unificação Kardecista de Ribeirão Preto-SP, pelo seu aniversário de nascimento a 1º de maio do corrente ano. Antonio Cesar Perri de Carvalho discorreu sobre o tema:
O Espiritismo no Brasil na época de Eurípedes e sua importância na divulgação da Doutrina em nosso País.

3- A Federação Espírita Italiana, desde o início da pandemia, em março de 2020, busca confortar os italianos, ante a perda de entes queridos pela COVID 19. E, neste mês de julho, de 21 a 30, abordará via internet o tema: “O Espiritismo na Europa”.

4- A Instituição Casas Fraternais “O Nazareno”, de Santo André-SP, verteu para o italiano livros de Chico Xavier que ainda temos em estoque. Enviaremos ao leitor que solicitar um exemplar desses livros, sem despesas, até o limite do estoque. Ver Contatos (p. 19).

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São Bernardo do Campo (segunda-feira às 20h e sábados às 16h)

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(sábados às 19 horas)
Rádio Morada do Sol – São Paulo – SP
(AM-1260 kHz)
Rádio Morada do Sol – Araraquara – SP
(AM-640kHz)
(ouça-o também em nosso site)

II – Departamento Filantrópico Nosso Lar

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