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Suicídio
Extrema agressão contra a vida. Busque-mos
divulgar, sob a ótica de nossa Doutrina Espírita,
que o suicídio significa terrível mergulho, rumo
de provas ainda maiores que as que nos visitam.
Neste número, apresentamos a opinião de
Emmanuel e Cornélio Pires a respeito do suicídio. É a visão de quem se encontra no outro
lado da Vida. Têm esses Benfeitores visão mais
abrangente que a nossa, limitada por nos encontrar-mos na vida física. Cornélio, por exemplo,
em cada estrofe dá um exemplo prático do que
ocorre com quem atenta contra a própria existência.
Não olvidemos que o suicídio alcança elevados percentuais nos países do Mundo, índices
que, no Brasil, crescem de maneira preocupante.
O caso dos jovens Fernanda e Dimas que apresentamos nesta edição, mostra-nos que a vida
continua e que a morte não existe! Meditemos
sobre essa realidade!
Caio Ramacciotti
A Palavra de Emmanuel
(O pensamento do mentor espiritual de Chico Xavier a respeito de temas da atualidade: conselhos e ponderações sobre as atribulações de nossos tempos)
Quase Suicida
Quase suicida.
Sentimos-te o passo, à beira do precipício.
Caindo quase.
Entretanto, estamos aqui, buscando-te o coração para o reequilíbrio.
Ninguém te pode medir a dor, mas urge reconhecer que, por mais que soframos, há sempre alguém na travessia de obstáculos maiores.
Abandona a ideia que te induz à própria destruição e medita.
Ainda há sol bastante para ser esperado amanhã, tanto quanto surgiu hoje.
Nem todas as estradas se fecham de vez no trânsito da vida.
E, por mais anseies pelo fim, a morte é ilusão.
No trabalho e no repouso, na luz e na sombra, dentro do dia ou da noite, achamo- nos naquilo mesmo que fizemos de nós.
Não alargues, por isso, as feridas mentais que porventura carregues, acumulando cargas inúteis de aflição, porque, além da cela corpórea, de que pretendes afastar-te, reconhecer-te-ás, simplesmente com tudo aquilo que fizeres de ti.
Recorda: a sabedoria da vida, que regenera a erva mutilada, tem remédio igualmente para qualquer de nossas dores.
Ergue-te do vale conturbado das próprias emoções e larga para trás o nevoeiro da negação e da dúvida.
Segue adiante.
O trabalho salvador te espera o pensamento e as mãos.
Escuta. O gemido de um enfermo relegado ao desamparo ou o choro de uma criança sozinha te apontam aqueles que te aguardam a presença amiga, como sendo a de um anjo com o divino poder de auxiliar.
Avança mais um tanto.
A natureza materna conversa contigo pelo inarticulado da observação no silêncio.
As árvores te falarão do prazer de ofertar os próprios frutos, e a semente, a renascer do claustro da terra, te dirá que não há morte.
E, quando a noite se te descobre ante a jornada, os astros refletidos em teu olhar proclamarão, por dentro de ti mesmo, que força alguma te poderá despojar da condição luminosa de criatura de Deus.
(Do livro Caminhos de Volta – Francisco Cândido Xavier / Espíritos diversos – Ed. GEEM)
FERNANDA LUÍZA BATISTA DOS
SANTOS
03.06.1967 – Franca – SP
29.10.1980 – Franca – SP
A jovem Fernanda Luíza Batista dos Santos nasceu em Franca, SP, a 3 de junho de 1967, aí desencarnando com 13 anos, no anoitecer de 29
de outubro de 1980, para amargura de seus pais, Mauro Baptista dos Santos e Maria Aparecida Gatez Santos, e dos irmãos, Walter João, Anita e Aparecida Helena, da madrinha Glória, que reside com a família, e de toda a entristecida Franca, que pranteou a partida de sua estrela meiga e bela.
Como testemunho de sua beleza e da eternidade da vida — em uma homenagem póstuma à Franca que tanto amou — de sua sepultura, segundo as palavras maternas, “mina uma água qual se fosse de fonte, e muita gente diz alcançar graças com ela…”.
A respeito da carta mediúnica da filha, recebida seis meses após sua partida, a mãezinha, D. Maria Aparecida, assim se expressou:
PALAVRAS DA MÃE DE
FERNANDA
A mensagem de minha filha ajudou-me a ter a certeza de que um dia nos encontraremos novamente, e este é o meu maior desejo. Vivo cada dia à espera de uma segunda mensagem, se o bom Deus permitir.
Nosso amado Chico Xavier conseguiu reanimar toda a nossa família.
Maria Aparecida Gatez Santos
Mensagem de Fernanda aos pais
Querida Mamãe Aparecida, abençoe a sua filha, perdoando-me o desequilíbrio a que me entreguei sem pensar na dor que lançava em
meu próprio caminho.
Sou trazida até aqui pela vovó Maria Honorata1, porque, por mim própria, não conseguiria vir.
Sei que alterei a família toda com a resolução infeliz.
Querida Mãezinha, você e o papai Mauro me perdoarão se procurei aquela arma propositadamente. Aproveitei o ruído daquele mesmo aparelho de som, que a sua bondade me deu com sacrifício, para liquidar comigo!
Ninguém conseguirá imaginar o sofrimento da infeliz menina que fui por minha própria conta! Nada sabia da vida, nem guardava experiência alguma. Entretanto, a ideia de me ausentar do mundo me obcecava…
Não pensei no sofrimento dos meus e nem avaliei quanto me queriam todos em casa. Um pequenino desgosto de criança rebelde e compliquei tanta gente…
Pobre Sam!2
Um amigo que nem podia tomar conhecimento de minha presença, e eu
a dramatizar o inexistente!
Querida Mãezinha, reconheço que aos pais não é preciso rogar desculpas, no entanto, sinto-me de joelhos a lhes pedir para que me auxiliem, esquecendo-me o gesto alucinado…
Não sei de todo o que se passou…
Lia com interesse a tudo quanto se referisse aos casos de amor e paixão e, antes de me formar na fé, acreditei-me pessoa adulta, quando não passava da menina que se afundou voluntariamente num poço de lágrimas.
Tenho recebido o socorro de vários parentes, dentre os quais me sinto mais ligada à vovó Honorata, porque ainda não saí da posição de doente grave. Tenho o coração doendo e a cabeça ainda bastante desorientada.
A senhora, meu pai, o Walter João e as irmãs compreenderão que não pode ser de outra maneira.
Não tenho palavras para descrever o meu arrependimento, no entanto deixaram-me escrever-lhes estas notícias, para que me alivie, desinibindo os meus sentimentos sufocados.
Rogo à Anita, à Aparecida Helena e à Glória para me perdoarem. Quando me lembrem, por favor, não me recordem como sendo o retrato de uma criança enlouquecida de arma na mão.
Recordem-me nos momentos em que, despreocupada, não me intoxicara, ainda, com ideias de autodestruição.
Preciso refazer a minha própria imagem. A vó Luíza e a irmã Ana3, que veio até a minha pobre presença, a pedido de nosso Carlos, muito
me amparam.
Envergonho-me, porém, de receber tantas
bênçãos, quando errei calculadamente, conquanto
sem conhecimento antecipado do que fazia. Agradeço às nossas amizades que, até hoje, me reconfortam com orações.
A nossa benfeitora Maria Conceição de Barros4, a quem o seu carinho rogou por mim, estendeu-me as mãos, e um médico de nome Dr. Ulysses5, também de Franca, se compadeceu de mim por intercessão dela. Como vê, não estou desvalida, porque a Infinita Bondade de Deus não nos abandona.
Apenas ignoro como conseguirei rearticular o meu organismo agora dilapidado. A vovó Honorata me consola e busca reanimar-me.
Querida Mamãe Cida, perdoe-me e aceite-me por sua filha outra vez…
Creia, Mamãe, só a cabeça perturbada e doente me faria agir contra mim própria e contra a felicidade dos que mais amo.
Não posso continuar, porque o pranto não escreve, e as lágrimas me asfixiam os pensamentos com que eu desejava formar as palavras de súplica à família toda, para que me recebam novamente no coração, tal qual fui antes de
minha resolução infeliz.
Deus nos proteja e me auxilie a retomar a tranquilidade que ainda não tenho.
O papai e todos os meus me perdoarão com o seu apoio de mãe, e eu lhe rogo, querida mamãe, para que o seu sorriso brilhe de novo para mim, a fim de que eu possa recomeçar a minha caminhada de esperança.
Perdoe-me e receba em seu colo a sua filha, que é hoje a sua criança doente.
Ensine-me outra vez a pronunciar o nome de Deus com a fé que o seu carinho me transmitiu; cante outra vez, para que tanta dor me permita dormir e receba muitos beijos de sua filha, ainda errada e sofrida, mas sempre sua filha do coração, por ser agora a mais necessitada de todas.
Sempre a sua, Fernanda
Fernanda Luíza Batista dos Santos
25 de abril de 1981
Elucidações
1) Maria Honorata – bisavó paterna.
Faleceu em Franca, SP, nos idos de 1942.
2) Samuel – amigo de Fernanda.
Ao retornar de Uberaba, logo após a recepção desta maravilhosa carta, Aparecida Helena, irmã de Fernanda, procurou Samuel, para saber de que modo a irmã o chamava. E Samuel lhe disse que Fernanda somente o chamava por Sam. A família e muito menos Chico Xavier tinham notícia disso. Aliás, Chico jamais ouvira falar de Samuel, como dos outros nomes citados na mensagem.
3) Fernanda se refere a familiares de José Carlos, marido de sua irmã Aparecida Helena:
– Luíza Croff Krempel – avó de Glória, madrinha de Fernanda, que reside com a família.
Desencarnou em 1962.
– Ana Maria Araújo Arantes e José Carlos de Castro, a bisavó e o genitor de José Carlos, falecidos, respectivamente, em 1970 e 1960.
4) Maria Conceição de Barros – muito querida em Franca, foi morta, grávida, há quase meio século, e seu túmulo fica pertinho do de
Fernanda.
5) Dr. Ulysses Paiva médico conceituado da cidade, desencarnado em 1919.
(Do livro Vida Nossa Vida – Francisco Cândido
Xavier/ Espíritos diversos – Ed. GEEM)
DIMAS LUIZ ZORNETTA
19.04.1958 – São Carlos – SP
08.01.1984 – São Carlos – SP
DEPOIMENTO DE LOURDES FORMENTON, GENITORA DE DIMAS
Trabalhei muito para que nada faltasse aos meus três filhos.
Quando tudo caminhava muito bem, aconteceu o inesperado. Primeiro o desencarne do filho mais velho e, alguns meses após, novo abalo em minha vida, com o desencarne do segundo filho. O desespero me dominou, não havia mais lugar no mundo para mim. Através de uma amiga, conheci o Sr. Osvaldo Caetano, espírita militante, médium bondoso, amigo dedicado que me levou a Uberaba, apresentando-me a Chico Xavier.
Na noite de 07 de setembro de 1984, recebi duas maravilhosas mensagens dos meus filhos desencarnados, que estão mais vivos agora. Agradeço a Deus
por proporcionar momentos tão maravilhosos, que não acreditava mais existir. Chico querido, obrigada por tudo, obrigada pela imensa alegria que você proporcionou a mim e ao meu filho Valdo. Deus o abençoe por tantas palavras bonitas de conforto.
Talvez eu não tivesse conseguido sobreviver à dor, se não conhecesse esse homem, que se chama
Francisco Cândido Xavier.
Mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier em 07.09.1984
Querida mamãe Lourdes, peço-lhe a bênção.
Vejo a Senhora com o nosso Valdo1 neste recinto de paz, mas não consigo enxergar as pessoas que nos cercam. Sei que dois amigos me trazem até aqui, mas ignoro quem sejam.
Mamãe, seu filho pede perdão pelo que fez, conquanto saiba que agiu sob a pressão de inimigos invisíveis que lhe golpearam a mente.
Eu não queria, mãe, não queria cometer aquele ato impensado, mas uma vontade muito forte me absorvia, e parece-me que fui um simples autômato para aquele ou aqueles que me indicavam o suicídio como sendo o melhor a fazer. Tinha um monte de desculpas dentro de mim. Saudades de meu irmão Domingos,2 as dificuldades da vida e a luta constante por melhora-me, sem poder fazer isso.
Andei por diversas ruas, pedi o socorro de Jesus por toda parte, mas aquelas mãos enormes e duras pesavam nas minhas.
Sei que não tenho desculpas e que devo assumir os meus próprios atos, mas a senhora não imagina como sofro…
Por vezes, via o meu pai Abílio3 de relance, como a solicitar-me juízo e calma, entretanto as outras vozes eram mais poderosas e mais fortes.
No dia sete tomei alguns tragos para ganhar coragem, sem saber o que oferecia aos meus infelizes agressores, e no dia oito, pela manhã, já me achava transformado.
A nossa Maria4 me pedia paciência. Aleguei dor de cabeça e mal-estar. Ela arranjou algumas gotas de um calmante cujo nome não me lembro, mas recusei aquele auxílio, abrindo a camisa e mostrando-lhe a arma que eu trazia no cinturão.
A esposa não acreditou que eu fosse capaz do gesto desesperado, mas, sem esperar que ela viesse impedir-me os movimentos, levei a arma à altura da cabeça e acionei o gatilho.
Ela gritou, e eu, a esgotar-me na perda de forças, lembrei-me, de repente, dos seus sacrifícios de mãe por nós. Entretanto, não tive tempo de recuar do mal que fizera a mim mesmo.
Amigos chegaram atendendo aos gritos de Maria e correram comigo para o hospital. No entanto, ainda ouvi o médico, se não me engano o Dr. Pedro,5
a dizer: “é tudo inútil”.
Compreendi que a hora havia chegado e pedi socorro ao irmão Domingos e a meu pai Abílio, mas em vão…
Os lamentos de quantos me rodeavam desapareceram de meus ouvidos e me vi sozinho, num pesadelo terrível, em que tentava, debalde, retomar o meu corpo sem vida; e nesse pesadelo estive muitas semanas, até que escutei vozes amigas a me convidarem para segui-las na direção do socorro de urgência. Eu estava cego e deixei-me conduzir para tratamento.
Nesse tratamento estou, e, hoje, essas vozes me convidaram a vir vê-la. Como se estivesse beneficiado por um prodígio, que não sei esclarecer, vi a senhora com o nosso Demevaldo. E chorei, arrependido por tudo o que fiz irrefletidamente. Querida mãezinha Lourdes, perdoe-me, a mim, que caí num sofrimento assim tão grande!
Fito a sua face e a esperança me retoma o coração.
Lembro-me de seus dias de aflição em nossa casa e envergonho-me de pedir-lhe perdão e bondade que não fiz por merecer. Mamãe Lourdes, dê-me as suas orações de paz e diga que me desculpa. Farei o possível para retomar-me do sofrimento, em que ainda me encontro, a fim de lhe ser útil e à nossa Maria.
Sei que Deus nunca se empobrece de compaixão. Quanto mais infeliz está o homem, mais ampla se faz a bondade do Pai Celestial. Ele me levantará por dentro de mim e concederá forças para ser seu filho outra vez, porque presentemente sou um trapo de dor e arrependimento.
Querida mãezinha Lourdes e querido Valdo, Deus nos proteja! É tudo o que por agora posso rogar em minha condição de penúria espiritual, mas, mesmo nessa penúria, querida mãe, sinto-me ainda seu filho e conto com o seu perdão para a minha falta… Não posso escrever mais.
Querida mãe Lourdes, receba as lágrimas que me ficam por dentro da própria alma, incapaz que me sinto de prosseguir escrevendo, e lembre-se de
que seu filho espera do seu amor tudo aquilo que hoje não mais tem. Todo o carinho com as saudades imensas do seu filho Dimas.
Dimas Luiz Zornetta
Elucidações
1) Demevaldo Zornetta – irmão mais novo.
2) Domingos Donizetti Zornetta – irmão mais velho, desencarnado em 14.08.1983. Dimas foi trazido à reunião pelo seu irmão.
3) Abílio Zornetta – pai de Dimas, falecido em 24.06.1978.
4) Maria B. Claudino Zornetta – esposa.
5) Dr. Pedro Kamimura – médico neuro-cirurgião que prestou os socorros a Dimas.
Suicídio
Suicídio, não pense nisso
Nem mesmo por brincadeira.
Um ato desses resulta
Na dor de uma vida inteira.
Por paixão, Quim afogou-se
Num poço de Guararema
Renasceu em provação
Atolado no enfisema.
Matou-se com tiro certo
A menina Dilermanda.
Voltou em corpo doente,
Não fala, não vê, nem anda.
Pôs fogo nas próprias vestes
Dona Cesária da Estiva…
Está de novo na Terra
No corpo que é chaga viva.
Suicidou-se à formicida
Maricota da Trindade…
Voltou mas morreu de câncer
Aos quatro meses de idade.
Enforcou-se o Columbano
Para mostrar rebeldia…
De volta, trouxe a doença
Chamada paraplegia.
Queimou-se com gasolina
Dona Lilia Dagele.
Noutro corpo sofre sarna
Lembrando fogo na pele.
Tolera com paciência
Qualquer problema ou pesar.
Não adianta morrer,
Adianta é se melhorar.
Cornélio Pires
Do livro Astronautas do Além
Francisco Cândido Xavier / Esp. Diversos – Ed. GEEM
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– Vida e obra de Francisco Cândido Xavier
– Edição de livros e da revista Comunicação®
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– Divulgação Braille Casimiro Cunha
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São Bernardo do Campo (segunda-feira às 20h e sábados às 16h)
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(sábados às 19 horas)
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Rádio Morada do Sol – Araraquara – SP
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