Revista Comunicação #248 – Outubro / Dezembro 2023

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Finda-se o ano de 2023… Chico Xavier! Saudade… – Edição 248

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A Palavra de Emmanuel

Palavras aos Companheiros

Meu amigo.
Aprende a semear a luz no solo dos corações, conduzindo o arado milagroso do amor, para que as sombras da ignorância abandonem a Terra para sempre.

*
Quando o pântano e o espinheiro te ameaçarem a marcha, quando a pedrada in-feliz da discórdia ou o golpe imprevisto da incompreensão te ferirem o devotamento, usa a bondade que Jesus te concedeu e avança, trabalhando.
*

Alguém projetou o fel da calúnia sobre o teu nome?
Esquece e caminha.
Muitas vezes, o coração do amigo é ainda frágil e cede ao primeiro impulso da arrasadora ventania do mal.
Alguém escarnece de teu esforço?
Despreocupa-te e age fraternalmente.
Não é possível improvisar em alguns mi-nutos o entendimento justo, com respeito às realizações respeitáveis que nos felicitam o espírito.
*

Alguém começou a cooperar contigo e desertou da sementeira?
Silencia e adianta-te.
Nem todos sabem perseverar no sacrifí-cio pessoal pela vitória do bem, dia a dia, na esteira dos anos incessantes.

*

Alguém te menoscaba a tarefa, subes-timando-te o desinteresse pelas posses huma-nas e o carinho pela divina revelação?
Olvida e segue. É preciso aprender e sofrer com a luta terrestre, para reconhecer o conteúdo de ilusão que transborda das fanta-sias da carne e que passa breve.

*

Alguém te acusa gratuitamente?
Perdoa e movimenta-te na direção do porvir.
Há muito ódio e muita discórdia envene-nando as almas, e a maldade lança trevas sobre a fronte dos melhores colaboradores do progresso.
*

Em todas as aflições da romagem, se souberes ver, enxergarás a ignorância opri-mindo, vergastando, destruindo…

*

É necessário acender a lâmpada sublime da piedade, avançando sempre.

*
Observa o chão lodacento e inculto pro-vocando a inquietação e o pavor, quando observado precipício a dentro…
Mas, se arremessares a semente peque-nina no leito tenebroso, em breve a terra endurecida e nua se cobrirá de verdura e per-fume, flores e frutos.
Assim é o campo humano.
Em toda parte, há erosão da penúria espiritual e charcos de dor.

*

Não te detenhas, porém.
Lança a tua semente de fraternidade e sabedoria, auxílio e compreensão, e a igno-rância cederá terreno ao teu ideal de ajudar e servir, multiplicando as bênçãos de tua la-voura em benefício da Humanidade inteira.

(Do livro Instrumentos do Tempo, GEEM)

Chico Xavier – Saudade…

 

Em dezembro retorna o verão, com a despedida da estação das flores.
Reconhecidos aos Benfeitores, que nos inspiram da Vida Maior pelas imensas oportunidades de trabalho na Seara do Bem, voltamo-nos aos leitores para um breve relato das nossas atividades durante todo o ano de 2023.
Os misteres filantrópicos seguiram seu rumo, graças a Deus, e, no que concerne à divulgação da doutrina espírita, o objetivo central do GEEM/Nosso Lar foi divulgar a obra de Kardec, exemplificada pela vida de total dedicação de Chico Xavier aos ensinos de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Com orgulho, pudemos remeter dezenas de milhares de livros assinados por jovens e outros familiares desencarnados, páginas que levam um pouco de paz aos lares envolvidos na saudade descrita pelo poeta Da Costa e Silva como a ‘asa de dor do pensamento’.
Os livros, a revista Comunicação, o programa radiofônico são incansáveis veículos que procuram retratar o que foi essa alma bendita de Pedro Leopoldo em suas prédicas que nos encaminham a Jesus Cristo.
Concluo essas ponderações, dirigindo-me a Francisco Cândido Xavier, envolto na recordação das longas conversas que mantivemos, nas quais sua clareza de exposição realmente me encantava.
Em especial, aprendi muito com suas informações históricas a respeito do Portugal Medieval e das figuras da época, sobretudo Inês de Castro e a santa rainha Isabel de Aragão, espíritos sublimados, que sempre mereceram sua atenção, quando se referia à terra lusitana.
Na recordação de suas tocantes palavras, vem-me à lembrança a imagem dos túmulos de Alcobaça, hoje situados no transepto da igreja milenar do mosteiro, cuja edificação foi inspirada em São Bernardo do Claraval. Lá descansam Pedro e Inês.
É intrigante a rosácea do facial do túmulo de Dom Pedro, em que o rei, saudoso da companheira, pediu aos artífices que colocassem a figura de Eva decapitada, como triste lembrança do fatal destino de Inês.
Emocionado, eu fiz ao Chico uma carta de despedida quando nos deixou em 30 de junho de 2002, com palavras que retratam o que sinto a respeito de sua ausência.
Sintetizo-as nas linhas seguintes:
— Chico, entendo os relevos do facial dos túmulos, a que me refiro como a criação da vida segundo o infeliz rei. São tristes fatos reais como muitos que conhecemos e que levam as criaturas envolvidas em martírios apenas atenuados pela presença de Jesus em suas vidas, tranquilizando-lhes a alma ferida.
Ouvi de você essa história real, querido Chico, alma generosa e boa. Se você não me houvesse colocado no coração esse belo exemplo de dor, renúncia e redenção espiritual, talvez estivesse eu ainda mergulhado em minhas limitações, desacertos, o que tornaria melancólico o meu final de existência.
Graças a você, hoje contemplo o Céu nas noites claras do verão e do inverno e vejo que a vida estuante de amor não está tão distante de nós, que as lutas, as espinhosas experiências e a saudade são a outra face da moeda divina, que ostenta em sua superfície luminescente as exuberantes realidades do espírito.
Como posso olvidar criatura qual você, querido Chico, que me tirou ao ostracismo da ignorância do espírito, ensinando-me a amar uma simples gardênia perfumada, que vi em seu pequeno jardim. Você, caro amigo, que descerrou, em nossos encontros, quadros inesquecíveis, lembrando que também o inverno é contemplado pelo alarido de pássaros obstinados, que cantam alheios à rudeza do tempo.
Sabe, Chico, você mudou minha vida. Não foi a sublime transformação de Paulo de Tarso nas três décadas que viveu após a visão de Damasco. Foram também décadas em que os conflitos de minha alma ainda rudimentar levaram-me, nos dias atuais, a pensar em você, em recordá-lo, seja no burburinho natural do dia ou na solidão das longas noites de reflexão e saudade.
Com você, aprendi a orar e aprendi também que as almas que se prezam estão sempre juntas, unidas pelo magnetismo maior que as aproxima por mecanismos que os tempos ainda nos levarão a compreender.
Mostrou-me novos caminhos a percorrer, quando enfrentamos obstáculos palpáveis ou mesmo quando nos separam barreiras inexpugnáveis, quais o mar imenso ou as elevadas cordilheiras que beijam o céu.
Como agradecer alma bendita de nossas vidas?
Tantos ensinamentos e tanta alegria você me deu, naquelas longas conversas, que não tenho palavras para agradecer esses saudosos momentos…
Alma querida, obrigado.
Continue conosco!

Rogamos ao Plano Maior que nos amplie a visão espiritual, para que, em 2024, nossa longa caminhada seja traçada pelo saudoso Francisco Cândido Xavier.
A você, que não teve a bênção de conhe-cer Chico Xavier, espero ter exposto um pouco do muito que aprendi, no silêncio das longas noites, ouvindo horas e horas de conselhos e lições que me convenceram a crer que, por um século, convivemos com um dedicado mensageiro do Mestre.
Criaturas como Chico nascem raramente no mundo terreno, mas, a marca de sua presença se torna constante em nossas vidas. Agradeço a Jesus por tê-lo conhecido em minha caminhada.
Aos leitores e familiares queridos nossos votos para que usufruam, no Natal tão próximo, momentos de paz e renovação.

Caio Ramacciotti
GEEM Grupo Espírita Emmanuel

Recado de Natal

Um recado de servidor a cada coração amigo, ante o Natal de Jesus.
Nunca te deixes vencer pelo desânimo.
Acende a luz da fé no próprio íntimo e segue adiante, trabalhando e servindo.
Diante das dificuldades que te desafiem, recorda aquelas outras que se te figuravam inarredáveis e que superaste, sem conhecer as forças que te sustentaram nos transes amargos.
Considerando as crises que provavelmente surjam à frente de teus passos, rememora os perigos que te ameaçaram e dos quais te descartaste, ignorando de que modo conseguiste preservar a própria vida.
Suportando provocações que se te agigantam aos olhos no cotidiano, lembra-te das aflições que varaste perante o sofrimento de pessoas que se te fazem especialmente queridas, atiradas ao desequilíbrio e que regressam à tranquilidade socorridas por energias que desconheces.
Se a provocação te visita, as serena-te no amparo da fé e aguarda o auxílio imponderável da Espiritualidade Maior, que nem sempre registras.
Em qualquer tribulação, deixa que teus sentimentos se acalmem e espera a intervenção da Providência Divina.
Não temas e segue sempre.
Os Mensageiros do Bem jamais nos abandonam.
Ainda mesmo nos dias em que a enfermidade do corpo te desajuste o campo orgânico, não te amedrontes e conta com o Amor da Vida Espiritual, que jamais desfalece.
Seja qual for a prova ou a dor em que te vejas, serve e confia-te a Jesus, porque Jesus é a Presença da Bondade Infinita de Deus, diante da qual não existe o impossível.

Emmanuel

(Mensagem recebida no Centro Espírita Jésus Gonçalves, Vila São João, Colônia Santa Marta, em 18/12/1984, na cidade de Goiânia, Estado de Goiás.)
Do livro Brilhantes no Caminho, Francisco Cândido Xavier, Emmanuel. Edição GEEM.)

O DESAFIO

Por estas e outras – pelo equilíbrio e coerência entre discurso e prática – hoje defino Chico, a quem chamo de “o sábio mineiro”, como uma combinação muito bem equilibrada de monge budista e filósofo estoico. Um mestre no exercício da paciência e da disciplina, sempre atento aos próprios pensamentos, sentimentos e ações, em processo permanente de autoconhecimento e autodesenvolvimento.
E é com esta frase dele – um desafio para todos nós – que encerro este texto:
— Dou a qualquer um o direito de ser como é, mas dou a mim mesmo o dever de ser a cada dia melhor.
Se cada um de nós fizer a nossa parte (como o pássaro de ‘asas de gotas d’água), ajuda-remos – e muito – a por de pé um ‘ismo’ pelo qual vale muito a pena lutar: o humanismo, que move pessoas únicas, de corações sem limites, como Chico Xavier.
De gota em gota, a gente faz chover.

Marcel Souto Maior
30 de maio de 2022
Marcel Souto Maior é jornalista, escritor e roteirista, autor de livros como Por trás do véu de Ísis, As lições de Chico Xavier e dos best-sellers adaptados para o cinema: As vidas de Chico Xavier e Kardec, a biografia.
(Texto publicado no Correio Fraterno do ABC de São Bernardo do Campo)

O Caso da Besta

Chico, em todos os momentos de sua vida entre nós, demonstrou notável humildade. Veio à Terra para servir a Jesus.
O texto de Ramiro Gama evidencia a alma simples e generosa do saudoso médium.

“Em 1931, quando Chico passou a receber as primeiras poesias do Parnaso de Além Túmulo, um cavalheiro de Pedro Leopoldo, muito impressionado com os versos, resolveu apresentar o médium e os poemas a certo escritor mineiro, de passagem pela cidade.
O filho de João Cândido vestiu a melhor roupa que possuía e, com a pasta de mensagens debaixo do braço, foi ao encontro marcado. O conterrâneo do médium, embora católico romano, apresentou, entusiasmado, o Chico:
— Este é o médium de quem lhe falei!
O escritor cumprimentou o rapaz e entregou-se à leitura dos versos:
Eram sonetos de Augusto dos Anjos, poemetos de Casimiro Cunha, quadras de João de Deus…
Depois de rápida leitura, o literato sentenciou:
— Isso tudo é bobagem. E, mirando o Chico, rematou:
Este rapaz é uma besta.
— Mas, doutor, disse, agastado, o conterrâneo do Chico: O rapaz tem convicções e abraça o Espiritismo como doutrina.
— Pois, então, deve ser uma besta espírita, declarou o escritor.
Bastante desapontado, o médium despediu-se. Em casa, durante a oração, a genitora, Maria de João de Deus, lhe apareceu.
Chico perguntou:
— A senhora viu como fui insultado?
E, porque Dona Maria se revelasse alheia ao assunto, o filho contou-lhe o caso.
Ela sorriu e disse:
— Não vejo insulto algum. Creio até que você foi muito honrado. Uma besta é um animal de trabalho…
— Mas o homem me apelidou por ‘besta espírita’!
— Isso não tem importância, exclamou a mãezinha desencarnada!
Imagine-se como sendo uma besta em serviço do Espiritismo. Se a besta não dá coices, converte-se num elemento valioso e útil.
Porque o filho silenciasse, Dona Maria acrescentou: Você não acha que é bem assim?
Chico refletiu e respondeu:
É, pensando bem é isso mesmo…”

(Do livro Lindos Casos de Chico Xavier,
Ramiro Gama – edição Lake)

A Morte de Nestório e Zeus

Após sua desencarnação em Pompeia, no ano de 79 de nossa era, quando Publius Lentulus foi soterrado pela lava incandescente do Vesúvio, décadas depois, o senador na roupagem física de Nestório foi morto, com o filho Ciro, vitimado pelas flexas envenenadas lançadas contra os cristãos em Roma.1
Na edição 247 da revista, mencionamos que Nestório teve o corpo destruído pelas chamas no Circo Máximo. Não foram as chamas que o levaram em sua sofrida existência. Agradecemos a oportuna observação de Hamilton Bassi.
Ao leitor que teve acesso à primeira edição do livro O Chico que Conheci, rogamos a gentileza de observar o texto da página 133 que cita Zeus como filho de Urano (o Céu) e Gaia (a Terra). Zeus era filho de Cronos e Reia.

Caio Ramacciotti

1) Cinquenta Anos Depois,
Francisco Cândido Xavier/Emmanuel – Edição FEB

Notícias

1) Aos 100 primeiros leitores que se manifestarem até o dia 10 de novembro próximo, o GEEM doará três livros de sua edição: Doutrina Espírita, de Cineas Feijó Valente, Chico Xavier – Arauto do Cristo de Josyan Courté, e Dia a Dia com Chico e Emmanuel, o livro de cabeceira que devemos ter sempre conosco.

2) A União Espírita Mineira elegeu seu corpo diretivo para o triênio 2022-2024. Foi reeleito presidente Alisson Pontes de Souza, dedicado dirigente na preservação e defesa da obra de Francisco Cândido Xavier.

3) Importante é destacar que se realizou em Portugal, nos dias 18 e 19 de março de 2023, o Congresso Espírita Internacional, com sede em Lisboa.

4) O Cristianismo, até o Concílio Ecumênico de Constantinopla, em 553, aceitava a reencarnação. São Jerônimo e Sto Agostinho acreditavam no ‘nascer de novo’, e trocavam rica correspondência a respeito.

(José Reis Chaves, A Reencarnação na Bíblia e na Ciência, Ed. Megalivros, São Paulo – do Portal do Espírito, 20/12/2022)

Nossas Atividade

I – Departamento Editorial Batuíra

– Vida e obra de Francisco Cândido Xavier
– Edição de livros e da revista Comunicação®
– Centro de Estudos Chico Xavier
– Divulgação Braille Casimiro Cunha

Reuniões Espíritas:
Centro Espírita Maria João de Deus
São Bernardo do Campo (segunda-feira às 20h e sábados às 16h)

Programa No Limiar do Amanhã
(sábados às 19 horas)
Rádio Morada do Sol (Rádio Mulher) – São Paulo – 84,3 Mhz (nova frequência)
Rádio A + Morada – Araraquara – FM 94.9 Mhz
(ouça-o também em nosso site)

II – Departamento Filantrópico Nosso Lar

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Diretor: Caio Ramacciotti
Jornalista Responsável: Mário Augusto R. Vilela
Diagramação: Roberta Ferreira Pedreiro
Capa e Arte: Alceu Arasaki
Colaboração: Vivaldo da Cunha Borges – in memoriam

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