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Editorial
Além da ‘Palavra de Emmanuel’, nesta edição o GEEM presta homenagem a Maria de João de Deus, mãe de Francisco Cândido Xavier. Apresentamos o capítulo do nosso saudoso Clóvis Tavares constante do livro João Batista, reeditado pelo GEEM em 2022.
Clóvis foi destacado espírita de Campos dos Goytacazes-RJ, amigo de Chico Xavier.
Apresentamos, também, o texto de Ramiro Gama sobre o comportamento de Chico Xavier quando criança, já com as primeiras manifestações de sua mediunidade, em seus colóquios com a mãezinha querida.
Já aos cinco anos tinha ele certeza de que Maria João de Deus não morrera, pois dialogava com a mãezinha sob as bananeiras do quintal da casa da madrinha, relatando-lhe os sofrimentos a que era submetido.
Boa leitura.
GEEM Grupo Espírita Emmanuel
São Bernardo do Campo, outubro de 2024
A Palavra de Emmanuel
(O pensamento do mentor espiritual de Chico Xavier a respeito de temas da atualidade: conselhos e ponderações sobre as atribulações de nossos tempos)
Ante o Campo da Vida
O semeador saiu a semear.
A palavra do Cristo é demasiado clara. O semeador não aguardou requisições. Saiu da própria comodidade ao encontro da terra.
Ainda assim, não estabeleceu condições para doar-lhe as sementes que trazia, entregando-as sem cogitar-lhe das possibilidades e recursos.
E amparou não somente o solo fértil e as aves famintas, mas também socorreu terrenos outros que espinheiros e pedras desfiguravam.
*
A notícia evangélica não diz que as sementes caídas entre calhaus e sarças foram destruídas.
Explica que foram simplesmente abafadas, o que não lhes invalida a potencialidade para a germinação em momento oportuno.
Assim igualmente é o amparo espiritual a quantos dele necessitem no mundo.
Os corações humanos assemelham-se a glebas de plantio. Muitos estão habilitados à recepção da verdade, à maneira do solo tratorizado pelas experiências da vida; outros, porém, se nos revelam por vales aprazíveis, mas incultos, inçados de escalracho e pedregulho contundente. Todos, no entanto, carecem de auxílio, apoio, entendimento, atenção.
*
O ensinamento do Cristo não mostra qualquer traço de impaciência ou de irritação na imagem do semeador que saiu a semear.
Ele auxiliou a terra, prestigiando-a com semente válida, sem se deter para censurar-lhe as deficiências. E naturalmente entregou o próprio trabalho à força do tempo, ou melhor, às leis de Deus que nos governam a vida.
*
Reflitamos na lição e distribuamos, em benefício do próximo, a esperança e a fé, o conhecimento e a compreensão de que já sejamos detentores e instrumentos. Sem pretensão e sem exigência. Sem desalento e sem pressa. Sem anotar os defeitos alheios e sem reclamar resultados imediatos.
Imaginemos o tempo que todos gastamos para acolher os escassos raios da verdade que atualmente nos clareiam a estrada na direção do progresso para a aquisição de mais luz.
E aprendamos que não apenas nós, mas igualmente os outros – todos os outros filhos da Terra – se encontram abençoados e sustentados pelo amor onipresente de Deus.
Emmanuel
Chico Xavier Pede Licença
Francisco Cândido Xavier/Espíritos Diversos
Edição GEEM
Maria de João de Deus
(Breve Notícia de uma Grande Alma)
Maria de João de Deus nasceu em Santa Luzia do Rio das Velhas, Minas Gerais, filha de uma lavadeira humilde dessa histórica cidade.
Nasceu pobre, filha de pobres e honrados pais, e nunca pôde receber instrução maior que aquela que os humildes recebem, mormente naquele final do século passado, no interior das Alterosas. Maria João de Deus, a Mãezinha de nosso querido amigo e benfeitor Francisco Cândido Xavier, nosso amado, ternamente amado Chico, o Chico que nos ama a todos e a quem todos amamos…
Nos idos distantes de 1939, 1940… muitas coisas fiquei sabendo a respeito da Mãezinha de nosso devotado companheiro.
Ouvi-as dos lábios de sua filha mais velha, a carinhosa e inesquecível Bita. E também de outros filhos seus: José Cândido, Luísa, Carmosina, Maria, Mundico…
E ainda, entre lágrimas, do seu querido João Cândido, o papai do Chico…
Quando Maria João de Deus desencarnou, em Pedro Leopoldo, a 29 de setembro de 1915, nosso Chico estava por volta dos cinco anos de idade. Mas, ele se recorda de pormenores a respeito de sua Mãezinha: por exemplo, dela dizer-lhe, antes de deixar este mundo, “que iria fazer uma viagem… mas que voltaria…”
Entre lágrimas saudosas e os derradeiros conselhos, palavras entrecortadas pela agonia, a humilde lavadeira só partiu deste mundo quando pôde abençoar o último filho que estava tão longe e tardara a chegar…
O pequenino Chico nunca acreditou, guardando fielmente a palavra materna, nunca pôde acreditar em morte… Não, sua Mãezinha não morrera, embora os outros lho dissessem. Ela estava viajando, viajando para um lugar distante, para curar-se da doença que a lançara ao leito doloroso…
Mas, voltaria. Voltaria, sim. Ela prometeu voltar… E voltou… Meses após, após tantas dores para todos da família, dores que são tidas por “infelicidades”, Maria João de Deus voltou…
As infelicidades se transformaram em bem-aventuranças, conforme Jesus Cristo nos ensina no Sermão da Montanha…
Nem vale a pena lembrá-las, tão duras, tão amargas, tão diferentes do que podemos imaginar foram elas…
Fazem lembrar as palavras dolentes de Leão Tolstoi em Ana Karênina. “Todas as famílias felizes se parecem entre si; as infelizes cada uma à sua maneira…”
Não se trata aqui de enfatizar a dor, nem de assumir masoquismos. Os sofistas podem entender de retórica ou gramática, mas não entendem o sofrimento humano. E as dores foram grandes, amaríssimas, singulares…
Mas, como prometeu Jesus: “a vossa tristeza se converterá em alegria” (João, 16:20), assim aconteceu. E aconteceu como não poderia deixar de acontecer: Maria João de Deus voltou, voltou “da viagem que iria fazer” e trouxe ao seu menino (de cinco anos, meu Deus!) as primeiras florações da mediunidade.
Apareceu-lhe. Confortou-o. Iluminou-o… E o adorável menino foi crescendo, após as primícias espirituais de sua Mãezinha…
A criança foi crescendo, e crescendo também os testemunhos da Vida Espiritual, as evidências do Mundo Maior, as realizações da tarefa mediúnica, extraordinária, consoladora, insofismável, a atravessar quase todo este século vinte, de ponta a ponta…
Quando jovem, Chico, já iluminado suficientemente pelas Bênçãos da Imortalidade, pediu à sua Mãezinha que “lhe contasse as suas primeiras impressões da vida do outro mundo”.
Ela lhe prometeu que o faria oportunamente. E, mais uma vez, cumpriu sua palavra, escrevendo pelas mãos do filho querido, para ele e para todos nós, as lições magníficas que são as Cartas de uma Morta.
*
Um dia, eu quis conhecer a terra natal da Amiga querida. E passei por Santa Luzia do Rio das Velhas, embora rapidamente.
Pude conhecer também, já em Pedro Leopoldo, a velha casa, o quarto humilde onde Maria João de Deus recebeu nos braços esta dádiva dos Céus, que é Francisco Cândido Xavier. Quantas ternas notícias, quantas confidências carinhosas, diante da casucha humilde!…
E que surpresa e contentamento quando o Chico me disse da grande e generosa quota de tempo e de proteção que sua Mãezinha dedica à nossa Escola Jesus Cristo, de que seu filho é Presidente Honorário…
E especialmente à Escola de Evangelho Maria João de Deus, filial de nossa Escola, na década de 40, no antigo bairro de Bezamat, sob a direção de nossa confreira Cirene Batista, já desencarnada, e atualmente no lar humilde de Coralice Maria Cardoso de Souza, nossa querida Coral…
A admirável Mensagem de Maria João de Deus foi recebida na Escola Filial de Bezamat, na tarde de 28 de julho de 1940.
Esse texto de profunda beleza espiritual, uma oferenda para sérias reflexões, foi psicografado no quarto e último dia da primeira viagem de Chico a Campos dos Goytacazes, em visita à Escola Jesus Cristo.
A carinhosa Mensagem fecha com chave de ouro esta antologia de páginas do Mundo Maior, psicografadas em Campos dos Goytacazes umas, outras dirigidas a confrades campistas e ainda outras ditadas por carinhosos Amigos Espirituais nascidos em Campos… É um florilégio de apenas algumas mensagens, dada a impossibilidade de publicar todas elas, ou um número maior…
Ao nosso valoroso irmão, a quem devemos estas mil outras dádivas do Céu, nosso comovido e intraduzível agradecimento, humildemente em nome de todos, pela palavra pobre de quem mal sabe rogar ao Divino Amigo que o abençoe hoje quanto ontem, agora e para todo o sempre, na Terra e no Céu…
Campos, 14 de julho de 1983.
Clóvis Tavares
Livro Tempo e Amor
Chico Xavier/Clóvis Tavares
Edição conjunta GEEM/IDE
A Lição da Obediência
De novo reunido à família, Chico Xavier, fosse por que tivesse retornado à tranquilidade ou por que houvesse ingressado na escola, não mais viu o Espírito da mãezinha desencarnada.
Entretanto, passou a ter sonhos.
À noite, no repouso, agitado, levantava-se do leito, conversava com interlocutores invisíveis e, muitas vezes, despertava pela manhã, trazendo notícias de parentes mortos, contando peripécias ou narrando sucesso que ninguém podia compreender.
João Cândido Xavier, a conselho da segunda esposa, que se interessava maternalmente pela criança, conduziu Chico ao padre Sebastião Scarzelli, antigo vigário da cidade de Matozinhos, nas vizinhanças de Pedro Leopoldo, que, depois de ouvir o menino, por algumas vezes em confissão, aconselhou João Cândido a impedir que o rapazelho lesse jornais, livros ou revistas.
Chico devia estar impressionado com más leituras — dizia o sacerdote — aqueles sonhos não eram outra coisa senão perturbações, porque as almas não voltam do outro mundo… Intrigado por ver que ninguém dava crédito ao que via e escutava, em sonhos, certa noite, rogou, em lágrimas, alguma explicação da progenitora de quem não se esquecia.
Dona Maria João de Deus apareceu-lhe no sonho, calma e bondosa, e o Chico deu-lhe a conhecer as dificuldades em que vivia.
Ninguém acreditava nele — clamou. Mas o conselho maternal veio logo: — Você não deve exasperar-se. Sem humildade, é impossível cumprir uma boa tarefa.
— Mas, mamãe, ninguém acredita em mim…
— Que tem isso, meu filho?
— Mas eu digo a verdade.
— A verdade é de Deus, e Deus sabe o que faz — disse a generosa entidade.
Chico, porém, choramingou:
— Não sei se a senhora sabe, papai e o padre estão contra mim… Dizem que estou perturbado…
Dona Maria abraçou-o e disse:
— Modifique seus pensamentos. Você é ainda uma criança, e uma criança indisciplinada cresce com a desconfiança e com a antipatia dos outros. Não falte ao respeito para com seu pai e para com o padre. Eles são mais velhos e nos desejam todo o bem. Aprenda a calar-se. Quando você lembrar alguma lição ou alguma experiência recebidas em sonho, fique em silêncio.
Se for permitido por Jesus, então, mais tarde virá o tempo em que você poderá falar. Por enquanto, você precisa aprender a obediência para que Deus, um dia, conceda ao seu caminho a confiança dos outros.
Desde essa noite, Chico calou-se, e Dona Maria João de Deus passou algum tempo sem fazer-se visível.
Ramiro Gama – Lindos Casos de Chico Xavier (Lake)
Notícias
1) O Grupo da Fraternidade Espírita Chico Xavier de Senhora da Glória-MG lançou, em 29/08/23, o audiolivro de Evolução em Dois Mundos, ditado pelo espírito André Luiz e recebido por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.
2) Há três anos, realizamos nossa reunião on-line. Horário: segundas-feiras entre 20h e 20h30, com o estudo do Evangelho e de O Livro dos Espíritos. Além da obra de Kardec, discutimos a vida e obra de Francisco Cândido Xavier, que nos honrou com quase uma centena de livros de sua lavra mediúnica.
Informações pelos canais de comunicação do GEEM.
3) 60.000 livros do GEEM foram distribuídos gratuitamente em 2023 e 2024. Cumprimos, assim, nosso compromisso de enviar em doação as páginas de luz que Chico Xavier nos concedeu gratuitamente desde 1970, materializando as palavras de Castro Alves:
Oh! Bendito o que semeia
Livros… livros à mão cheia…
E manda o povo pensar!
O livro, caindo n’alma
É germe – que faz a palma,
É chuva – que faz o mar!
Nossas Atividade
I – Departamento Editorial Batuíra
– Vida e obra de Francisco Cândido Xavier
– Edição de livros e da revista Comunicação®
– Centro de Estudos Chico Xavier
– Divulgação Braille Casimiro Cunha
Reuniões Espíritas:
Centro Espírita Maria João de Deus
São Bernardo do Campo (segunda-feira às 20h e sábados às 16h)
Programa No Limiar do Amanhã
(sábados às 19 horas)
Rádio Morada do Sol (Rádio Mulher) – São Paulo – 84,3 Mhz (nova frequência)
Rádio A + Morada – Araraquara – FM 94.9 Mhz
(ouça-o também em nosso site)
II – Departamento Filantrópico Nosso Lar
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Jornalista Responsável: Mário Augusto R. Vilela
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Capa e Arte: Alceu Arasaki
Colaboração: Vivaldo da Cunha Borges – in memoriam
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